CPI da Covid

Ernesto Araújo diz que Bolsonaro nunca pediu a ele que acelerasse compra de vacina

Ex-chanceler afirma que pedidos de aceleração de insumos ou vacinas não eram tratados em reuniões com o presidente, e que as demandas iam do Ministério da Saúde ao Itamaraty

Sarah Teófilo
postado em 18/05/2021 16:59
 (crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)
(crédito: Jefferson Rudy/Agência Senado)

O ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo disse nesta terça-feira (18/5) em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19, no Senado, que apesar de ter se reunido, em média, uma vez por semana com o presidente Jair Bolsonaro em meio à pandmeia, ele nunca lhe demandou que acelerasse contatos com fornecedores de imunizantes contra o novo coronavírus. Segundo ele, as demandas saíram do Ministério da Saúde ao Itamaraty.

Segundo o ex-chanceler, Bolsonaro manifestava preocupação com questões sanitárias envolvendo a pandemia, assim como os efeitos econômicos da crise. Dessas reuniões que ele participou, somente em fevereiro deste ano, o presidente da República falou em ligar ao presidente da Pfizer para conversas sobre aquisição de vacina. O contrato do Brasil com a farmacêutica foi assinado no início de março.

“Não me recordo de reuniões em que se falasse: 'Olha, vamos comprar tal vacina ou não vamos comprar'. Exceção de uma reunião em março, final de fevereiro, que se decidiu que o presidente ia entrar em contato com o presidente da Pfizer para obtenção da vacina da Pfizer”, disse, ao ser questionado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) se havia participado de reunião com o presidente da República na qual havia tido orientações específicas do mandatário sobre linha de atuação no âmbito da pandemia.

“Isso não quer dizer que seja a primeira atuação do presidente desde setembro. Estou dizendo que foi uma reunião em que o presidente disse que queria falar com o presidente da Pfizer. Não sei se é o primeiro contato que o presidente faria”, completou Araújo. Ao falar de setembro, o ex-chanceler se refere a uma carta enviada pela Pfizer no dia 12 de setembro do ano passado ao presidente, ao vice-presidente, Hamilton Mourão, e a outros ministros do governo, oferecendo a venda de vacinas, e que ficou dois meses sem ser respondida, segundo relato do ex-secretário das Comunicações Fabio Wajngarten.

Araújo disse que teve algumas reuniões com o presidente para tratar de medidas de combate à pandemia. Sobre a linha de estratégia que era apontada nas reuniões, disse que, no âmbito do Itamaraty, “foi sempre no sentido de atuar pelo que era requerido pelo Ministério da Saúde”.

“Houve muitas reuniões ministeriais que ele (Bolsonaro) falava de diferentes assuntos. Agora, especificamente nos aspectos concretos, de 'vamos definir a compra de vacina de tal país', normalmente não eram tomadas em reuniões com o presidente”, disse. Araújo frisou também, que, nas reuniões, o presidente falava sobre sua preocupação com a pandemia, efeitos econômicos, de saúde, vacina, mas que orientações específicas vinham do Ministério da Saúde.

 

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