CPI da Covid

Pazuello contesta versão da Pfizer sobre oferta de vacinas ao Brasil

Em depoimento na oitiva do Senado nesta quarta-feira (19/5), ex-ministro da Saúde disse que deu várias respostas às propostas do laboratório, ao contrário do relato feito à comissão pelo executivo da empresa Carlos Murillo, segundo o qual o governo não deu qualquer retorno entre dezembro e agosto de 2020

Jorge Vasconcellos
Renato Souza
postado em 19/05/2021 12:25
 (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
(crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou, nesta quarta-feira (19/5), durante depoimento à CPI da Covid do Senado, que deu "inúmeras" respostas às ofertas de vacinas contra o novo coronavírus feitas pela Pfizer ao Brasil. A versão do ministro contraria depoimentos prestados anteriormente à comissão, incluindo o do gerente-geral da farmacêutica na América Latina, Carlos Murillo. Segundo o executivo, até dezembro de 2020, o governo brasileiro não havia respondido a uma oferta de imunizantes feita em agosto do mesmo ano. No depoimento, Pazuello disse também ter informado o presidente Jair Bolsonaro sobre o andamento das negociações com a farmacêutica em julho do ano passado.

O general falou sobre o assunto ao ser perguntado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), sobre a razão pela qual o governo teria deixado de responder a sete ofertas de vacinas feitas pelo laboratório. "Como é que não houve respostas? Nós tivemos 20 respostas para a Pfizer, de agosto a dezembro. Nós estávamos falando com a Pfizer ininterruptamente. Nós respondemos inúmeras vezes à Pfizer, eu tenho todas as respostas aqui. De agosto a dezembro. Eu tenho todas as comunicações com a Pfizer", garantiu Pazuello.

Após a resposta, o relator perguntou se o executivo Carlos Murillo mentiu à CPI, ao que o ex-ministro respondeu: "A resposta à Pfizer é uma negociação, que começa no momento da proposta e termina com a assinatura do acordo. Eu estou falando de dezenas de reuniões e discussões, eu não estou falando de uma resposta. A resposta foi: 'Sim, queremos comprar'. Está escrito em todo o final, mas com a observação: 'Não posso comprar se você não flexibilizar tal medida, não posso comprar se você não auxiliar na logística de entrega'. Isso é uma negociação", disse Pazuello, que foi solicitado pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), a apresentar documentos que comprovem sua versão.

Além do relato de Carlos Murillo, o ex-secretário de Comunicação do governo, Fábio Wajngarten, disse durante oitiva na comissão que uma carta da Pfizer com oferta de vacinas ao presidente Bolsonaro e a ministros havia ficado sem resposta. Nessa carta, a companhia citava que a oferta de vacinas feita em agosto não havia sido respondida.

"Dirigente máximo"

Durante o depoimento, o clima ficou tenso após Renan Calheiros perguntar a Pazuello o motivo de ele não ter liderado a resposta brasileira à Pfizer. "Pela simples razão de que sou o dirigente máximo, sou um decisor, não posso negociar com a empresas. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo, não o ministro. O ministro jamais deve receber uma empresa, o senhor deveria saber disso", respondeu o general, recebendo críticas de vários senadores. "Eu retiro [a afirmação]", disse, depois, Pazuello.

O realtor da CPI também perguntou se Bolsonaro foi informado sobre as ofertas da multinacional. "Foi informado por mim, em todo o processo, que começou lá em julho, até março [deste ano], quando fechamos o contrato. Pessoalmente por mim", disse o ex-ministro da Saúde.

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