CPI DA COVID

Bolsonaro volta a negar irregularidades no caso da vacina Covaxin

Ministério da Saúde cancelou contrato de compra do imunizante indiano depois de o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) apontar uma série de indícios de fraudes nas negociações

Jorge Vasconcellos
postado em 02/08/2021 17:34
 (crédito: Reprodução/Youtube)
(crédito: Reprodução/Youtube)

O presidente Jair Bolsonaro voltou a negar as acusações do grupo majoritário da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid-19 de que ele não tomou providências após ser alertado sobre irregularidades no contrato de compra da vacina indiana Covaxin, firmado entre o Ministério da Saúde e a empresa Precisa Medicamentos. Ao falar da CPI da Covid e dos mais de 130 pedidos de impeachment apresentados contra ele na Câmara, o chefe do Executivo voltou a dizer que "só Deus me tira daqui".

O presidente falou sobre esses assuntos ao participar, nesta segunda-feira (2/8), da solenidade de assinatura do Acordo de Cooperação Técnica Águas nas Escolas, uma parceria entre o Ministério da Cidadania e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Bolsonaro tem sido pressionado a negar acusações feitas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF) à CPI da Covid. À comissão, o parlamentar disse ter avisado pessoalmente o presidente sobre irregularidades nas negociações da vacina, como, por exemplo, a obrigação de o Ministério da Saúde pagar antecipadamente US$ 45 milhões em um paraíso fiscal, o que não estava previsto no contrato.

O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou, em entrevista exclusiva ao Correio, no último domingo (1º), que "Bolsonaro sabia dos crimes e não tomou providências", cometendo "prevaricação".

Durante a solenidade, Bolsonaro reforçou que não incorreu em irregularidades no caso do imunizante indiano. "Eu não comprei uma dose de Covaxin, não paguei um centavo", disse, sobre o contrato, que só foi cancelado pelo Ministério da Saúde depois das descobertas da CPI.

Pfizer

O presidente também voltou a tentar se explicar sobre a demora do governo em responder às várias ofertas de vacina da Pfizer. Ele disse que não poderia assinar um contrato em que a farmacêutica se isentava de responsabilidade por efeitos colaterais do imunizante.

"Parece que é proibido você fazer qualquer crítica construtiva no tocante à vacina, como virou crime falar em tratamento precoce. Virou crime você seguir orientações do Conselho Federal de Medicina (CFM) quando fala do off label. Parece que somos castrados. Não se pode falar a verdade. Ameaça de processo, até de impeachment. Só Deus me tira daqui", disse o chefe do governo.

Ele continuou: "Não errei, dei o melhor de si (sic), continuo dando o melhor de mim, juntamente com os meus ministros. Temos um compromisso, mas, se nós nos calarmos, nos curvarmos ao politicamente correto. Achar que as velhas práticas podem voltar, para entender os mesmos que querem a volta da corrupção e da impunidade, nós não sucumbiremos. E tem um velho ditado que diz: 'Nada está tão ruim que não possa ficar pior'. Depende das ações de cada um de nós".

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