Em entrevista ao CB.Poder desta terça-feira (3/8), o deputado Professor Israel Batista (PV-DF), presidente da Frente de Educação na Câmara dos Deputados, afirmou que a evasão escolar, em meio à pandemia, regrediu 20 anos. O parlamentar ainda criticou a atual postura do presidente Jair Bolsonaro, que tem defendido o voto impresso como estratégia para tumultuar o processo eleitoral, além de fazer discursos que, segundo o parlamentar, só contaminam as medidas de segurança sanitária contra a covid-19. O programa é uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília.
Professor Israel Batista criticou a polêmica do voto impresso e os frequentes ataques de Bolsonaro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para o parlamentar, o comportamento do presidente nas últimas semanas é "claramente uma estratégia política para tumultuar o processo eleitoral".
Ele destacou na entrevista que antes o Judiciário estava impedido de agir porque, por algum motivo, o presidente mantinha um piso de apoio muito estável, “em torno de 25% a 30%” das instituições. E isso, conforme o parlamentar, fazia com que os órgãos mantivessem uma posição de cautela. “Mas neste momento as instituições precisam agir urgentemente, sob pena de que todo sistema eleitoral venha a cair por terra. Por isso mesmo, defendo o afastamento imediato do presidente Bolsonaro”, afirmou.
O deputado também criticou a postura do mandatário no combate à pandemia, como o não uso da máscara de proteção e as várias tentativas de se colocar em dúvida a eficácia da vacina contra covid-19. “A família do presidente está toda vacinada. No entanto, milhões de brasileiros deixaram de se imunizar porque tiveram acesso a uma pequena fala do presidente que colocou em xeque a confiabilidade das vacinas. Pouca gente percebe que a chance de sofrer danos, em função da vacina, é menor do que a chance de passar mal por tomar Ibuprofeno”.
Evasão escolar
Ao falar de educação, o Professor Israel Batista defendeu que o principal impacto da pandemia na área é a evasão escolar no país. “Antes da pandemia tínhamos um 1,2 milhão de crianças e adolescentes fora da escola. Agora são 5,1 milhões, o que significa que regredimos aos patamares do ano de 2001. Um retrocesso de 20 anos em nossa história”, ressaltou. Por isso, segundo o parlamentar, o mais importante a ser feito pela Frente de Educação, neste momento, é uma operação de resgate dos jovens que pararam de estudar.
O parlamentar afirmou que chegou a conversar com o ministro da Educação, Milton Ribeiro, sobre o assunto. A tratativa, segundo Israel, foi para cobrar do Ministério da Educação (MEC) maior coordenação no retorno às aulas presenciais em escolas, sobretudo em municípios pobres, que em geral dependem da pasta para a retomada segura das atividades.
“Existem lugares muito humildes [no país]. Se vamos retomar as aulas, que a gente cumpra os 10 itens do protocolo de segurança sanitária. Itens como, por exemplo, o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), a distribuição de máscara a crianças e adolescentes, o distanciamento de um metro, a não aglomeração na entrada e na saída das aulas, e assim por diante”, citou.
Blitz Retorno Seguro
Por isso, explicou Israel, foi aberto um canal de comunicação com a sociedade, “o e-mail blitzretornoseguro@frentedaeducação.org.br”. Nele, parlamentares recebem notícias sobre possíveis descumprimentos de regras sanitárias no retorno às aulas em várias instituições de ensino do país.
“Se você entrar no site da Frente de Educação, ou se você entrar no Instagram @frente.educação, vai encontrar os 10 itens que têm de ser cumpridos. Se alguém perceber que um desses itens não está sendo cumprido na sua escola, é só mandar uma mensagem pelo Instagram, Twitter ou para o e-mail”, indicou. A medida não tem o objetivo de causar constrangimento aos gestores, pontuou, “mas, sim, criar troca de boas informações e agilizar os processos de correção que forem, porventura, necessários”.
Ainda na esteira dos problemas educacionais, o parlamentar comentou sobre a queda no sistema de dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “O governo tenta nos passar a ideia de que é um problema técnico. Mas é importante frisar que, geralmente, esse tipo de falha ocorre pelo sucateamento dos equipamentos e programas. Temos o menor orçamento da história do CNPq. Em 2021, o orçamento do órgão ficou em R$ 1,2 bilhão. Em 2001, já era o dobro disso, na faixa de R$ 2,4 bilhões. Outro retrocesso de 20 anos”, apontou. O CNPq, em nota, afirma não haver perda de dados após apagão do sistema.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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