CPI DA COVID-19

Relator mostra foto de coronel Helcio em almoço com cabo Dominghetti e reverendo

Presidente do Instituto Força Brasil disse que almoço ocorreu a convite do reverendo Amilton Gomes, presidente da Senah, após reunião no Ministério da Saúde com ex-secretário-executivo do ministério Elcio Franco

Sarah Teófilo
postado em 10/08/2021 14:50 / atualizado em 10/08/2021 14:55
 (crédito: Reprodução/CPI)
(crédito: Reprodução/CPI)

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, Renan Calheiros (MDB-AL), mostrou nesta terça-feira (10/8), durante depoimento do tenente-coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida, presidente do Instituto Força Brasil (IFB), uma foto dele em um almoço com o cabo da Polícia Militar Luiz Paulo Dominghetti, apontado como vendedor autônomo de vacinas da empresa americana Davati Medical Supply, e com o reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da ONG Secretária Nacional de Assuntos Humanitários (Senah).

Em seu discurso de abertura, o coronel afirmou que jamais esteve em qualquer jantar com Dominghetti, “muito menos naquele que teria ocorrido em 25 de fevereiro”. Ele se refere ao episódio em que o cabo relatou ter recebido pedido de propina de US$1 por dose de vacina do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias quando tentou vender 400 milhões de doses de vacina contra covid-19 à pasta.

Helcio Bruno, entretanto, jamais foi citado na CPI como participante do referido jantar. Ele foi convocado à comissão por suspeita de que atuou na articulação para intermediar encontro de Dominghetti e do representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, no ministério, assim como suspeita de atuação nas negociações de vacina.

Questionado sobre a fotografia, reiterou que não participou de jantar, e que a imagem foi um almoço a convite do reverendo, em uma casa, após reunião no Ministério da Saúde. A reunião e o almoço ocorreram no dia 12 de março. Helcio Bruno afirmou que depois do dia 12, nunca mais esteve com Cristiano Carvalho ou Dominghetti. “Foi imediatamente após a reunião do dia 12, num almoço. Fomos convidados pelo representante da Senah para almoçar com ele. Não é jantar”, afirmou.

Na data, ocorreu uma reunião de Cristiano e Dominghetti no ministério, com a presença do então secretário-executivo Elcio Franco, articulada pela Senah, que pediu auxílio ao IFB para conseguir o referido encontro. Segundo o coronel, ele já tinha uma agenda marcada para a data, e apenas abriu espaço para a Davati falar sobre a proposta de vacina. Na época, a reunião foi solicitada no dia 3 de março para discutir aquisição de vacinas por parte de empresas e entidades privadas. Na ocasião, discutia-se o projeto de Lei 14.125, aprovada no Congresso e que entrou em vigor no dia 10. A lei permite que entidades privadas comprem vacina conttra covid-19, mas devem ser doadas integralmente para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo o coronel, no dia 9 o reverendo Amilton, que ele alega que até então não conhecia, foi ao IFB e informou que “uma empresa de nome Davati pretendia oferecer uma grande oferta de vacinas ao Ministério da Saúde, mas que precisavam esclarecer ao ministério a forma com que poderiam disponibilizar as vacinas pois, embora não fossem representantes diretos do laboratório produtor das vacinas, eles teriam uma alocação de doses”.

“Por isso, o senhor Amilton aventou a possibilidade de o IFB compartilhar sua agenda no Ministério da Saúde com os representantes de tal empresa para que eles pudessem explicar ao ministério as condições de sua oferta de vacinas”, afirmou o coronel. Ele não esclareceu, entretanto, como o reverendo o procurou pedindo compartilhamento de agenda, se eles não se conheciam. Questionado pelo senador Renan Calheiros, usou o direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminar, concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O depoente utilizou do direito em diversos momentos, recusando-se a responder perguntas.

Pressionado pelos senadores sobre a foto do almoço, que sinalizaria uma proximidade entre eles, o depoente negou que houvesse proximidade; alegando que o cenário era de fechamento de comércios, devido à pandemia, e que foram chamados a almoçar. “Intimidade? Foi um almoço, convidado para um almoço, está com fome, vai comer. Não tem intimidade nenhuma nisso”, afirmou, ao ser questionado pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação