Recentes comentários do ministro da Economia, Paulo Guedes, num momento em que o país vê inflação, gás de cozinha, conta de luz e combustíveis aumentando, reacenderam as discussões, no Congresso, para que o presidente Jair Bolsonaro volte a desmembrar a pasta comandada pelo “Posto Ipiranga”, ou mesmo exonere o economista.
No entendimento de deputados, ao minimizar os impactos de uma energia elétrica mais cara — “qual o problema agora que a energia vai ficar um pouco mais cara porque choveu menos?” —, Guedes atrapalha a tentativa do governo de emplacar uma agenda social, em especial porque Bolsonaro promete turbinar o Bolsa Família, ainda este ano.
Para o Centrão, a falta de sensibilidade de Guedes é mais um indicativo de que ele não tem preparo para estar à frente de um superministério. Por mais que tenha perdido Trabalho e Previdência recentemente, o Ministério da Economia ainda é responsável por áreas como Planejamento, Indústria e Comércio Exterior.
Diante da má avaliação do ministro, seja pela sociedade, seja pelo Congresso, parlamentares voltaram a pressionar o governo a promover mais uma reformulação ministerial. O pedido é para que Bolsonaro, no mínimo, recrie a pasta do Planejamento. O setor enche os olhos do Centrão porque define como deve ser utilizado o Orçamento da União.
Críticas
Integrantes do bloco de partidos que compõem o Centrão não pouparam críticas a Guedes pelos comentários desta semana. O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), disse que “o ministro precisa parar de viver em um mundo paralelo”.
“O ministro tem de parar de viver esse conto de fadas. Ele tem de agir como ministro, e não como um especulador da Bolsa de Valores, não como alguém que faz um discurso otimista para a Bolsa subir. A Bolsa sobe, mas o desemprego não desce, a fome não desce, a inflação não desce e os juros não descem”, reclamou Ramos.
De acordo com o deputado, “nós precisamos que o ministro ouça os industriais brasileiros, os comerciantes, para que ele se reconecte com o povo”. “Para que ele saiba que 14,8 milhões de desempregados, 19 milhões de pessoas com fome não são números. É gente. É sofrimento. É falta de comida na mesa. Eu quero sugerir ao ministro que se reconecte com a realidade”, acrescentou.
O deputado Altineu Côrtes (PL-RJ) enfatizou que Guedes “está atrapalhando o governo Bolsonaro”. “Muita gente dentro do governo, que quer o bem do governo Bolsonaro, torce para o senhor sair. Eu acho que o senhor finge que não sabe. E, na minha opinião, o próprio presidente Bolsonaro gostaria muito que o senhor pedisse umas férias definitivas”, disparou o parlamentar, em um vídeo publicado nas redes sociais.
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