O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cancelou as sessões plenárias presenciais e por videoconferências que seriam realizadas pelos próximos dois dias (08 e 09/09), além de todas as sessões de comissões que seriam realizadas esta semana. De acordo com interlocutores, a medida anunciada na noite desta terça (7) é uma resposta da Casa às ameaças proferidas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, ao Supremo Tribunal Federal (STF), durante as manifestações realizadas ontem.
Pela manhã, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, Bolsonaro afirmou que não obedecerá medidas ou sentenças “fora das quatro linhas da Constituição”, e ameaçou: "Ou o chefe desse Poder enquadra o seu (ministro) ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos". O recado foi dado ao presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, em referência ao pedido de impeachment do chefe do executivo contra o ministro Alexandre de Moraes.
Após o pronunciamento em Brasília, Pacheco manifestou-se pelas redes sociais e pediu “absoluta defesa do Estado Democrático de Direito”. Na sequência, Bolsonaro proferiu outro discurso ainda mais inflamado e em tom antidemocrático, dessa vez na Avenida Paulista, em São Paulo.
Em nota, a assessoria de Pacheco dirigiu-se somente aos senadores: “A Presidência (do Senado) comunica às senadoras e aos senadores que estão canceladas as sessões deliberativas remotas e as reuniões de comissões previstas para os dias 8 e 9 de setembro", diz a mensagem.
Mesmo com a decisão, o presidente do Senado deverá tratar sobre as consequências do 7 de Setembro em reuniões ao longo desta quarta-feira. Ao Valor Econômico, integrantes da cúpula do Senado admitiram, em caráter reservado, que as manifestações e a postura do presidente Jair Bolsonaro também afetarão as negociações em torno de pautas econômicas e do pagamento de R$ 89,1 bilhões de precatórios no próximo ano, que vinha sendo sendo discutido junto ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). "Todo o ambiente de negociações vai pelo ralo", admitiu uma fonte próxima.
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