CPI DA COVID

Senadores suspeitam que diretor da Precisa é chefe da "lavanderia de dinheiro"

Durante o depoimento, o diretor da Precisa foi confrontado com documentos que mostram várias transferências de grandes volumes de recursos entre companhias dele e de Maximiano

Jorge Vascocellos
Raphael Felice
postado em 24/09/2021 06:00
Empresário do setor farmacêutico, Danilo Berndt Trento -  (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Empresário do setor farmacêutico, Danilo Berndt Trento - (crédito: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse ontem que Danilo Trento é o “chefe da lavanderia de dinheiro” da Precisa Medicamentos. O parlamentar afirmou ainda que o esquema envolve uma empresa investigada pela Polícia Federal por tráfico de drogas. Trento calou-se todo o tempo diante da comissão, ontem.

“Por meio de empresas dele circulam muitos recursos que vão para outras empresas, que mandam para terceiras empresas. Duas dessas eu chamo a atenção: a Barão Turismo e a Elite. Nas conexões com a Elite, nós encontramos lavagem de dinheiro via panificadoras, lavagem de dinheiro que chega até uma empresa que é investigada pela Polícia Federal por tráfico de drogas”, disse Randolfe. Segundo ele, a empresa se chama WFQ, tem endereço em São Paulo e recebeu cerca de R$ 600 mil.

O senador afirmou, também, que a CPI espera saber quem são os destinatários de joias compradas por uma das empresas de Trento. “Nos chamou muita atenção o caminho do dinheiro. Uma aquisição feita por uma dessas empresas para compra de joias, ou de (relógio) Rolex, em duas joalherias, uma em São Paulo, e outra em Curitiba”, disse o senador. “Nesta joalheria de Curitiba, nós esperamos a resposta sobre por que foi comprada uma joia por meio de uma empresa de investimento e participações em uma empresa farmacêutica, e para quem foi comprada. Acho que nós encontramos um bom fio da meada do siga o dinheiro”, acrescentou o vice-presidente da CPI.

“Para quem eram as joias compradas por ele? Quem iria receber R$ 78 mil em joias e relógios?”, questionou o senador.

Trento deixou sem respostas várias perguntas sobre suas ligações comerciais com o dono da empresa, Francisco Maximiano, investigado pela comissão. Os senadores aprovaram requerimento do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), para a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do diretor.

Durante o depoimento, o diretor da Precisa foi confrontado com documentos que mostram várias transferências de grandes volumes de recursos entre companhias dele e de Maximiano. O senador Humberto Costa (PT-PE) mostrou que, entre 1º de setembro de 2020 e 28 de fevereiro de 2021, a Primarcial Holding e Participações, da qual Trento é sócio, recebeu da empresa 6M, pertencente a Maximiano, o valor de R$ 16,1 milhões.

Essa quantia corresponde a 49% dos débitos na conta da empresa 6M no período. Nesse período, de 123 dias, os valores foram transferidos de forma fracionada, por meio de 392 operações bancárias. No mesmo intervalo de tempo, segundo o senador, houve o contrário: a Primarcial repassou R$ 15,5 milhões para a 6M, divididos em 48 transferências.

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