Autor da denúncia de um esquema de corrupção no Ministério da Saúde envolvendo a compra da vacina Covaxin — relacionado no parecer final da CPI da Covid —, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse não se arrepender. “Eu faria de novo. Eles mataram com o desvio de dinheiro público, e não foi só isso, eles cometeram um crime contra a vida, contra a saúde pública e contra os brasileiros”, enfatizou, ao programa CB.Poder, parceria entre o Correio e a TV Brasília.
Para Miranda, se o relatório da CPI tiver provas cabíveis contra o presidente Jair Bolsonaro — acusado de nove crimes —, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), terá de abrir processo de impeachment contra o chefe do Executivo. “Acho que fica muito difícil de Lira não pautar, praticamente impossível.”
Ele ressaltou, no entanto, que o presidente da Câmara avaliará o termômetro na Casa para decidir se adotará a medida. “Lira vai sentir, primeiro, se o presidente perdeu a popularidade para que não haja um dano ainda maior à imagem dos parlamentares, que, porventura, não querem ter o apoio ao impeachment nas costas para 2022”, destacou. “Isso tanto pode dar votos para uns como pode tirar votos de outros. Ele trabalha muito mais de uma forma política, do que de fato pensando se existe ou não crime por parte de Bolsonaro.”
De aliado, Miranda se tornou desafeto do presidente ao afirmar, na CPI, ter alertado o chefe do Executivo de que a compra da Covaxin pelo Ministério da Saúde seria parte de um esquema de corrupção. Bolsonaro prometeu tomar providências, mas não teria tomado. “Pela convivência, pelo que eu escutei dos colegas governistas, o problema é que ele não queria nenhum caso de corrupção no governo até 2022. A mínima suspeita já o impactaria de forma negativa, e ele queria abafar a situação o máximo possível”, contou.
O deputado disse não ser mais eleitor do chefe do Planalto. “Hoje, eu conheço claramente quem é Bolsonaro. Vejo que, pelo poder, ele é capaz, inclusive, de trair seus aliados”, afirmou.
*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa
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