Ataques à Democracia

Fundador de canal bolsonarista passa a ser procurado pela Interpol

De acordo com decisão do STF, blogueiro Allan dos Santos, um dos fundadores do site Terça Livre, teve o nome incluído na lista de procurados da Interpol. Quebra de sigilo revelou que canal recebeu doações de alto valor, com indícios de lavagem de dinheiro

Tainá Andrade
postado em 23/10/2021 22:20 / atualizado em 23/10/2021 23:13
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A. Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A. Press)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes expediu ordem de prisão ao jornalista Allan dos Santos, um dos fundadores do site bolsonarista Terça Livre. Para que a prisão seja efetivada, seu nome será incluído na lista da Difusão Vermelha, da Interpol, pois, atualmente, Allan reside nos Estados Unidos.

Por ordem do ministro do STF, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério das Relações Exteriores iniciarão processo de extradição do jornalista, que já tem suas contas bancárias bloqueadas. Na noite da última sexta-feira (22), o sócio do jornalista, Ítalo Lorezon, anunciou, em sua conta no Twitter, o encerramento das atividades do site, cujo conteúdo já foi retirado do ar.

A Polícia Federal (PF) reuniu uma série de elementos que apontam a prática feita por Allan de ameaça, crimes contra a honra e incitação à prática de crimes, bem como integrar organização criminosa. Além disso, na quebra de sigilo determinada por Moraes, a PF encontrou transações bancárias suspeitas realizadas em forma de doação para o canal Terça Livre, que indicam crime de lavagem de dinheiro.

Foi ordenado ao Youtube que revelasse os IPs e dados cadastrais de cada doador. E que fossem entregues também os mesmos dados, relativos às doações, encontrados no site “apoia.se”, que agrega um perfil para repasses a Allan.

De abril a maio de 2020, o canal recebeu 1.581 transações, das quais 649 não trazem informações sobre o CPF do doador. Ficou claro que o valor recebido por meio de superchat — dinheiro “doado” direto ao canal por meio dos usuários da rede YouTube — representava dois terços da renda do fundador. Ainda chamaram a atenção da polícia repasses específicos de três doadores que, somados, alcançam mais de R$ 70.000 — foram 27 apoios, no total de R$ 40.350; 31 apoios, que contabilizam R$ 15.500; e mais três apoios de R$ 15.000.

Além disso, ainda foram encontrados doações de alto valor recebidas diretamente nas contas bancárias dos fundadores, como, por exemplo, uma que registra o valor de R$ 70.000, oficializada por meio de mensagem.

 

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