ENTREVISTA

"Pacheco é o melhor para o país", diz Kassab, presidente do PSD

Líder da legenda diz acreditar que o presidente do Senado, recém-filiado à sigla, aceitará "o chamamento que os brasileiros estão fazendo" e será candidato ao Palácio do Planalto. Ele afirma não ver ninguém mais bem preparado para recuperar o país

Denise Rothenburg
Bernardo Lima*
postado em 29/10/2021 06:00
Kassab:
Kassab: "O Brasil já não aguenta mais esse clima de ódio, falta de respeito, falta de transparência. O governo não vai bem, o que é reconhecido por quase 80% da população. Então, é preciso apresentar uma alternativa, e a melhor delas é Rodrigo" - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, afirmou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, só não será o candidato do partido ao Planalto, em 2022, se não quiser. “Mas tenho certeza de que ele vai aceitar essa missão, aceitar o chamamento que os brasileiros estão fazendo”, enfatizou. “O Brasil já não aguenta mais esse clima de ódio, falta de respeito, falta de transparência. O governo não vai bem, o que é reconhecido por quase 80% da população. Então, é preciso apresentar uma alternativa, e a melhor delas é Rodrigo”, acrescentou, em entrevista ao programa CB.Poder, parceria entre o Correio e a TV Brasília.

Pacheco filiou-se ao PSD na quarta-feira, em cerimônia no Memorial JK, em Brasília. Na ocasião, evitou se apresentar como pré-candidato à Presidência da República, embora tenha discursado em clima de campanha eleitoral. “Acho que ele está correto de ainda não assumir essa postura, até porque tem enorme responsabilidade de presidir o Congresso Nacional, e essa será sua prioridade”, ressaltou Kassab. “Porém esse cargo dá a possibilidade de os brasileiros o conhecerem. Vão ficar claras as diferenças entre Rodrigo e os outros candidatos: a juventude, a formação no campo da moral e ética, a capacidade de conciliação.” Veja os principais trechos da entrevista:

O ano de 2022 já está na pauta, só se fala em eleição. O PSD chega com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, como candidato. Quais são os próximos passos para a campanha?

Não posso falar pelo Rodrigo Pacheco, mas a minha sensibilidade e mais de 30 anos de experiência na vida pública me levam a crer que ele vai aceitar o chamamento que os brasileiros estão fazendo. O Brasil já não aguenta mais esse clima de ódio, falta de respeito, falta de transparência. O governo não vai bem, o que é reconhecido por quase 80% da população. Então, é preciso apresentar uma alternativa, e a melhor delas é Rodrigo.


Por que Rodrigo Pacheco?

Porque ele é uma pessoa séria, inteligente, bem preparada. Muito jovem ainda, se tornou um dos melhores advogados de Minas Gerais e do Brasil. E, em um determinado momento de sua vida, decidiu entrar na política, que é uma paixão da vida dele. Isso aconteceu há quase sete anos. Nesses anos, ele mostrou uma renovação na política. Não está há 30 anos nessa vida como eu, ou a 40, como o Lula. Ele chegou faz pouco tempo, mas já atuando no plano nacional. Então, tem um pleno conhecimento do que é o Brasil e seus problemas, tem uma facilidade nas relações institucionais, porque, hoje, é chefe de um poder. Rodrigo mostra muito talento para política. Ele começou como deputado federal, foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça e foi bem. Foi tão bem como deputado e presidente da CCJ que se elegeu como senador mais votado de Minas Gerais, chegando ao Senado. Dois anos depois, se elegeu presidente do poder.


Mal ou bem, vemos que a polarização continua. O ex-presidente Lula tem a melhor performance nas pesquisas, seguido do presidente Bolsonaro. Como é possível quebrar essa polarização? Já tem muita gente apostando que o PSD vai lançar um candidato para depois apresentar o vice de Lula.

Quero te afirmar que o PSD vai ter candidato para presidente da República. Eu espero que seja o Rodrigo Pacheco, acho que é o melhor para o Brasil. Ele só não será se não quiser, mas eu tenho certeza de que ele vai aceitar essa missão. O partido se preparou para isso. O PSD é jovem, mas já tem 10 anos. Neste momento, nós tínhamos de deixar claro que era um partido que veio para inovar. Não tem nenhum sentido um partido existir para apoiar candidatos de outras legendas, porque eleição é o momento que o partido se apresenta. Então, essa é a nossa decisão. Eu tenho certeza de que será Rodrigo Pacheco. Já o conheço bem. Acho que ele está correto de ainda não assumir essa postura, até porque tem enorme responsabilidade de presidir o Congresso Nacional, e essa será sua prioridade. Porém esse cargo dá a possibilidade de os brasileiros o conhecerem. Vão ficar claras as diferenças entre Rodrigo e os outros candidatos: a juventude, a formação no campo da moral e ética, a capacidade de conciliação.


Temos diversos candidatos postulando ser a terceira via. Como isso vai funcionar? Porque vai ser preciso dar uma estreitada nessas candidaturas para que um deles consiga chegar ao segundo turno. Como será esse trabalho? Vai conversar com outros partidos, uma vez que o senhor nem participou das primeiras reuniões que foram feitas?

Participar para quê? Alguém acha que Doria (governador de São Paulo, João Doria) vai desistir? Que Ciro (Gomes) vai desistir? Quem vai tomar essa decisão é o eleitor. E nós vamos nos preparar para o eleitor definir se quer essa alternativa ou não. Essa questão de somar esforços, dialogar, é tudo muito positivo, mas eu não acredito nisso. A democracia pressupõe que o partido lance um candidato. Então, nós vamos lançar, é um bom candidato. Tenho certeza de que temos todas as condições de fazer uma bela campanha. E, se ganhar, vai ser bom para o Brasil.


Como está a relação com o PT? Como avalia a candidatura do ex-presidente Lula?

Percebo por suas movimentações que ele vai sair como candidato, contar sua história, lembrar de seus bons programas, feitos, se explicar em relação aos problemas que teve no passado e apresentar um projeto. Mas o que o Brasil precisa mesmo é de renovação. Temos de vir com gente nova, bem preparada, globalizada, representantes de todos os setores sem nenhum compromisso que não seja com o Brasil. E eu não vejo outro candidato que não seja Rodrigo.


É preciso apresentar um programa econômico robusto para superar a situação que o país vive. Como economista, o senhor sabe disso. A inflação já superou os 10%.

Mais do que isso, a inflação média é 10%, mas para as classes C, D e E, que são as menos favorecidas, chega a 25%, porque são justamente essas classes que sentem mais o aumento do preço da carne, do arroz, do feijão, do combustível. Para essas pessoas, o salário de R$ 1.000 em janeiro chega a dezembro valendo R$ 750.


Quem fará o projeto econômico da campanha presidencial de Rodrigo Pacheco?

Primeiro, precisamos esperá-lo se definir. Tenho certeza de que aceitará essa convocação, para que, depois, como candidato, possa dar as suas prioridades. E, aí, eu e qualquer outro companheiro de partido estaremos à sua disposição.


Qual vai ser o timing para essa definição? Porque também não dá para esperar até abril.

Acredito que ele tomará uma decisão rápida. Ele mesmo, ontem (quarta-feira), na sua filiação, deixou claro que está refletindo. E a filiação foi a um partido que deixou claro para todos que vai ter candidato à presidência, é uma sinalização muito forte, que ele deverá aceitar.


No evento de quarta-feira, tinha muita gente: mais de 100 parlamentares, entre deputados e senadores. Hoje, o PSD tem em torno de 35 deputados. Quantos o senhor pretende atrair para esse projeto?

O partido está tendo um crescimento muito grande nos últimos anos. Em 10 anos, se tornou um dos principais do país. Temos projetos regionais em praticamente todos os estados, com lideranças expressivas e respeitadas. Entendo que, a partir de 2023, o PSD estará entre as três maiores bancadas da Câmara e do Senado. E esses projetos regionais serão muito importantes na candidatura do Rodrigo Pacheco, como na de Ratinho Jr., de Eduardo Paes, de Geraldo Alckmin.


Geraldo Alckmin vai se filiar ao PSD?

Ele será nosso candidato a governador. Tem nosso convite para se filiar, mas vamos apoiá-lo independentemente de qual partido ele estiver.


Qual é a sua avaliação sobre Bolsonaro? Como vê essa movimentação do presidente, que até o momento nem partido tem? Isso ajuda ou atrapalha os planos do governo?

O próprio presidente Bolsonaro diz que, apesar de quase 30 anos de mandato como deputado federal, sempre passou ao largo da política. Então, tem dificuldade com a política, nunca teve trabalho partidário, demorou para compreender, se é que já compreendeu, a importância da política. A performance pessoal dele é inadequada, não é possível alguém achar que ele acertou na condução das ações de combate à pandemia. Ele errou em tudo, continua errando. Há três dias, veio falar que vacina pode trazer aids às pessoas. Imagina uma pessoa simples, que não tem uma boa formação acadêmica ou alguém para orientá-la, ver o presidente da República falar uma bobagem dessas.


O senhor disse que ainda deve montar a equipe econômica para a campanha presidencial, mas Henrique Meirelles continua filiado ao PSD e, hoje, é secretário de João Doria. Como isso vai funcionar daqui para a frente, uma vez que Doria pretende ser candidato?

Quem vai estruturar a equipe é o candidato, Rodrigo Pacheco. Estou à disposição para ajudá-lo, seja coordenando, seja cumprindo missões. Acredito que o mais breve possível, quando ele se definir, vai fazê-lo, porque entende a importância de ter um bom projeto de governo. Meirelles é fundador do PSD. Ele saiu temporariamente do partido para ser candidato à presidência, mas nunca cortou os vínculos com a nossa legenda. Assim que acabou seu projeto presidencial, voltou ao partido e, agora, é pré-candidato a senador em Goiás.


Então, ele vai apoiar Pacheco, não Doria?

Sim. Meirelles é filiado ao PSD.


Qual deve ser o perfil do candidato a vice-presidente da chapa do PSD?

O vice será uma pessoa tão austera como Rodrigo Pacheco, que conheça bem o Brasil, que seja respeitada e possa somar com ele para melhorar o Brasil.

*Estagiário sob supervisão de Cida Barbosa

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