RODA VIVA

Caetano Veloso critica Bolsonaro e diz que Brasil não é só 'terrivelmente evangélico'

O artista definiu a expressão criada pelo presidente como "desrespeitosa" e diz que o Brasil de hoje também é de católicos de axé

O cantor Caetano Veloso classificou como “desrespeitosa” a expressão “terrivelmente evangélico”, utilizada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para definir o perfil do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça. Para o artista, a fala “não é feliz e não funciona” e afirma que hoje o Brasil é  também de “católicos de axé e neopentecostais”. As declarações foram feitas na edicação desta segunda-feira (20/12) do programa Roda Viva, da TV Cultura.

“A expressão é ruim e até mesmo desrespeitosa. Mas ser desrespeitoso é o jeito mesmo do cara que é presidente atualmente. (A expressão) não dá conta do Brasil. Na verdade é uma homenagem que o presidente prestou ao preconceito. Porque a mulher dele é evangélica, embora ele seja de formação católica”, disse.

O artista afirma que o uso do termo evangélicos nesse contexto não corresponde à realidade dos brasileiros, que compartilham de uma fé diferente. “Se supôs (o presidente) que pra quem não é evangélico e pra quem não apoia, que ser evangélico é algo terrível”, explicou.

No entanto, para o artista, o Brasil hoje é de católicos de axé e neopentecostais e classificou como “notável” o crescimento da fé evangélica no país. Ele lembrou que os filhos têm religiões diferentes e vivem muito bem juntos.

“Meus filhos quando crianças começaram a ir à igreja com a babá. O Zeca ainda frequenta a igreja. O Moreno é do candomblé. Eles vivem juntos e o Moreno faz todos rindo. Então quando eu vejo esse cenário de todos juntos, sinto que estou vivendo uma vida rica e real em relação ao que acontece no Brasil de fato”, afirmou.

Veja o momento:


A edição que recebe Caetano Veloso conta com as perguntas de Luiz Antonio Simas, professor e escritor, Adriana Couto (TV Cultura), Mariliz Pereira Jorge (Folha de S. Paulo), Maria Fortuna (O Globo), Leonardo Lichote (crítico musical) e Ademir Correa (Rolling Stone Brasil). O programa teve o comando de Vera Magalhães.

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