HOMOFOBIA

Bolsonaro diz que família é 'sagrada' e insinua que LGBTQI+ vão para o inferno

"Quem acredita, vai ver depois como se entende lá na frente, quando deixar essa terra", disse. Chefe do Executivo ainda responsabilizou a esquerda por querer chegar ao poder 'destruindo valores familiares'

Ingrid Soares
postado em 17/01/2022 12:36 / atualizado em 17/01/2022 12:36
 (crédito: Evaristo Sá/AFP)
(crédito: Evaristo Sá/AFP)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a tecer comentários homofóbicos nesta segunda-feira (17/1). Se referindo ao público LGBTQI+, o chefe do Executivo responsabilizou a esquerda por querer chegar ao poder 'destruindo valores familiares'. A declaração ocorreu durante entrevista à Rádio Viva FM de Vitória (ES).

"A esquerda quer o poder. E a melhor maneira dela chegar ao poder é destruindo os valores familiares. Tivemos lá atrás um projeto de lei chamado 122, que passou na Câmara numa sessão à noite. Não tinha ninguém presente. Nela, por exemplo, um padre ou pastor que, porventura, se negasse a realizar um casamento entre pessoa do mesmo sexo, pegava três anos de cadeia. Foi uma briga enorme lá no Senado, e acabou sendo arquivado depois. Mas foi uma grande medida para tentar destruir os valores familiares e atacar diretamente no coração dos cristãos do Brasil", apontou.

Bolsonaro ainda insinuou na entrevista que pessoas LGBTQI+ vão para o inferno.

"Com o passar do tempo, lá em 2010, tinha acabado as eleições, e eu denunciei o tal do PNH3, um projeto do PT que tinha 180 capítulos voltados para outros tipos de família. Ninguém é contra duas pessoas conviverem no seu canto e vá ser feliz. Cada um faz o que bem entender da sua vida e quem acredita, né, vai ver depois como se entende lá na frente, quando deixar essa terra. A gente não entra nessa seara", completou.

O presidente também relatou que seu antagonismo à pauta gay o 'potencializou' no país, mas emendou que 'não é fácil lutar contra num governo de esquerda'.

"Mas um capítulo mais importante desses 180 era a desconstrução da heteronormatividade. O que é isso? É dizer que homem e mulher não existem. Existem dois seres quaisquer que se juntam e passam a ser uma família e ponto final. Foi uma outra briga muito grande que eu entrei contra ele (PT) e tivemos sucesso em parte, porque não é fácil lutar contra essa pautas num governo de esquerda, governo do PT, mas, com o passar do tempo, isso potencializou a gente por ocasião das eleições".

Bolsonaro relatou que a família é 'sagrada' e que 'todas as pessoas existentes no mundo vieram de um homem e uma mulher'.

"A família é sagrada. Não se discute isso daí. Todas as pessoas que estão aqui na terra vieram de um homem e de uma mulher. Se bem que, hoje em dia, já tem a pessoa da inseminação artificial. Mas vieram, no fundo, de um homem e de uma mulher. Isso tem que ser respeitado, nos ajuda a viver em harmonia e em paz. Nos ajuda a ter um prazer com o futuro dos nossos filhos. E é isso que a esquerda sempre quis destruir".

Pautas LGBTQI+

O líder do Planalto comemorou o fato de que, em sua gestão, as pautas LGBTQI+ 'tiveram ré muito forte'.

"No nosso governo, já tivemos uma ré no tocante a isso muito forte, em especial, pelo trabalho da nossa ministra Damares (Mulher, Família e Direitos Humanos)".

Por fim, o presidente celebrou que pautas às quais chamou de "ideologia de gênero" estejam nas mãos do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça. O magistrado foi o escolhido pelo presidente para a vaga que ele tinha prometido indicar um nome "terrivelmente evangélico".

"Como Deus escreve certo as coisas, às vezes por linhas tortas. As pautas que têm a ver com ideologia de gênero, sabe quem vai decidir por sorteio? André Mendonça. O nosso ministro terrivelmente evangélico. Então, isso é muito bom. Traz uma paz aqui para nós todos, cristãos e brasileiros, que defendemos a família acima de tudo aqui na terra", concluiu.

No último dia 10, Bolsonaro afirmou que as pautas LGBTs são usadas contra ele como forma de desgaste ao governo e constituem uma forma de "destruir a família".

No começo de dezembro do ano passado, ele comentou sobre o que chamou de "linguagem neutra dos gays". O chefe do Executivo citou como exemplo uma questão da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2018 e reclamou que a utilização dos termos neutros "estraga a garotada".

Depois, voltou a tecer comentários de cunho homofóbico afirmando que, hoje, está "um vale tudo terrível".

 

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