ELEIÇÕES 2022

Lupi se anima com união Ciro-Marina, mas é cauteloso: 'Vice você não impõe'

PDT conversa com outras legendas sobre apoio a candidato do partido ao Planalto, mas tratativas devem seguir por um tempo sem que haja batida de martelo

Guilherme Peixoto - Estado de Minas
postado em 18/01/2022 21:08 / atualizado em 18/01/2022 21:09
 (crédito: NELSON ALMEIDA)
(crédito: NELSON ALMEIDA)

O PDT se prepara para lançar oficialmente, nesta sexta-feira (21/1), a pré-candidatura de Ciro Gomes à presidência da República. O presidente do partido, Carlos Lupi, diz que a sigla tem dialogado com outras legendas sobre a possibilidade de apoio à chapa liderada por Ciro. No campo progressista, há a Rede Sustentabilidade, de Marina Silva. O dirigente diz que uma eventual composição entre Ciro e Marina seria "excelente", mas entrega a decisão, sobretudo, à agremiação da ex-ministra do Meio Ambiente.

"Acho excelente [uma chapa com Ciro e Marina]. Mas vice você não impõe. Ciro tem excelente relação com Marina, mas depende dela, da Rede, de a gente ajustar um programa conjunto. Gostaria muito, mas não depende de mim", diz Lupi, em entrevista exclusiva ao Estado de Minas.

Marina e Ciro têm experiência em disputas presidenciais. Em 2018, ele ficou em terceiro lugar; ela, em oitavo. Quatro anos antes, quando estava no PSB, Marina também participou da eleição, assim como em 2010, pelo PV. Ciro, por sua vez, foi candidato em 1998 e 2002, quando era filiado ao PPS.

"Acho a Marina grande nome. Uma guerreira, história de superação. Uma mulher que venceu malária e preconceitos. A primeira mulher a defender essa questão do ecossistema, do meio ambiente. Uma mulher da nossa Amazônia", afirma Lupi, em tom elogioso.

Em 2018, o grupo de Ciro apostou na então pedetista Kátia Abreu, hoje no PP, para ser vice de Ciro. À época, os trabalhistas se aliaram apenas ao Avante.

Para este ano, o Avante discute lançar o deputado federal mineiro André Janones. Lupi, no entanto, assegura que há conversas entre os partidos sobre uma possível união. Apesar disso, o martelo está longe de ser batido.

"Todo mundo está conversando com todo mundo. Nem o Lula, todo-poderoso líder, não tem partidos formalmente com ele ainda. Tem conversas e diálogos, mas, formalmente, ninguém, porque todo mundo está olhando seus projetos estaduais, candidatos a governador e nominatas. É a fase de todo mundo namora todo mundo e ninguém namorar ninguém".

Nesta terça-feira (18/1), a "Folha de S. Paulo" apontou que divisões na Rede podem dificultar o caminho para a união a Ciro. Parte do partido defende união a Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Há, ainda, quem demonstre resistência à união pela presença de João Santana na campanha do PDT. O marqueteiro comandou a campanha da petista Dilma Rousseff em 2014, quando Marina foi, por algumas vezes, alvo de propagandas consideradas belicosas.

'Segundo turno dos céus' é esperança no PDT

Em que pese a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro (PL), que lideram as pesquisas de intenção de voto com larga vantagem sobre os outros concorrentes, Carlos Lupi crê que o presidente da República pode cair na preferência do eleitorado durante este ano.

"Sou dos poucos brasileiros que acredita que Bolsonaro vai derreter mais. Ele já derreteu, perdeu um terço dos eleitores que teve em 2018. Ciro tem todas as condições de ocupar esse espaço e fazer a polarização com Lula. É o que chamo de segundo turno dos céus. Vai ser a vitória do povo brasileiro", projeta.

Em recente levantamento, divulgado na semana passada por Ipespe/XP, Ciro tem 7%, atrás também de Sergio Moro, com 9%. Lula aparece na ponta, com 44%, 20 pontos à frente de Bolsonaro (24%).

Para Lupi, os números refletem cenários momentâneos e "modismos". "Quem tem tempo de estrada, como nós, não se assusta. Vamos continuar firmando a candidatura para valer, até o fim, e defendendo um projeto para o Brasil".

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