Eleições

Lula tenta atrair o PSD para uma aliança centro-esquerda

A reunião aconteceu na última quarta-feira e vem no exato momento em que, dentro do partido, começam as cobranças sobre o destino eleitoral da legenda

Gabriela Chabalgoity*
Bernardo Lima*
Tainá Andrade
Taísa Medeiros
postado em 28/01/2022 06:00 / atualizado em 28/01/2022 08:32
 (crédito: Reprodução/Youtube)
(crédito: Reprodução/Youtube)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu mais um passo na tentativa de construir uma aliança de centro-esquerda ao se encontrar com o governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, do PSD. A reunião aconteceu na última quarta-feira e vem no exato momento em que, dentro do partido presidido por Gilberto Kassab, começam as cobranças sobre o destino eleitoral da legenda.

Isso porque o pré-candidato do partido, o senador Rodrigo Pacheco (MG), tem preferido a discrição enquanto postulante ao Palácio do Planalto, ao contrário de seus eventuais adversários na corrida presidencial. Além disso, há a possibilidade de que o ex-governador Geraldo Alckmin, cotado para ser vice-presidente da chapa de Lula, migre para o PSD, o que atrelará definitivamente a legenda à candidatura petista.

Enquanto o PSD não se decide, Lula trabalha para pavimentar a inclusão dos pessedistas no arco de alianças que está construindo ao ajustar as alianças para os governos estaduais. No encontro com Belivaldo, a ideia e fechar um acordo sobre quem encabeçará a chapa para a disputa do Palácio Governador Augusto Franco: se o deputado Fábio Mitidieri (PSD) ou o senador Rogério Carvalho (PT).

Suspense

No plano nacional, aumenta a expectativa em relação à postura discreta do presidente do Senado na corrida presidencial — nas pesquisas de intenção de voto, ele tem pontuado em torno de 1%. Igualmente calado em relação ao futuro, Kassab não dá qualquer indicação sobre o caminho a ser seguido pelo PSD — disse até, em recente entrevista, que Pacheco submergiu este mês numa manobra combinada entre ele e o partido.

"O senador Pacheco foi lançado candidato a presidente e está avaliando, nesse mês de janeiro, para anunciar sua decisão em fevereiro ou março", disse Kassab.

Mas fontes ligadas ao senador tentam amenizar a situação para diminuir a pressão. Afirmam que, por ser Pacheco o presidente do Congresso, sua responsabilidade cresce ao decidir sobre a disputa eleitoral — afinal, caso se lance à corrida ao Palácio do Planalto, andará sobre uma linha tênue, pois o governo federal tem vários projetos importantes tramitando no Congresso, e não pode dar a entender que algumas das suas decisões são para prejudicar eleitoralmente o presidente Jair Bolsonaro.

Se a candidatura de Pacheco ainda é uma incógnita, uma possível aliança com o PT para a disputa presidencial divide opiniões entre os pessedistas. Lula está longe de ser uma unanimidade no partido, apesar da amizade que há entre ele e Kassab.

"A única coisa que eu posso te afirmar é que, majoritariamente, o partido não aceita estar com o Lula", afirmou o deputado federal Darci de Matos (PSD-SC), se manifestando contra o apoio ao petista e defendendo a candidatura de Pacheco.

O senador Ângelo Coronel (PSD-BA), por sua vez, vai na direção oposta. Embora seja apoiador da confirmação do presidente do Senado na disputa presidencial, acha que uma eventual aliança com o PT traz benefícios.

"Um partido forte como o PSD não pode ficar de fora das eleições presidenciais. Mas, caso o partido não lance a candidatura do Pacheco, vejo uma chapa Lula-Kassab como algo interessante, já que o PT está procurando Alckmin, que tem um perfil parecido", sugeriu.

*Estagiários sob a supervisão de Fabio Grecchi

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