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Moro: Bolsonaro tirou Coaf do Ministério da Justiça para proteger os filhos

Ex-ministro afirmou que presidente tinha "medo" de que as investigações do Coaf chegassem a ele e seus filhos. Conselho atua no combate a crimes financeiros, como lavagem de dinheiro

O pré-candidato à Presidência Sergio Moro (Podemos) disse que o presidente Jair Bolsonaro (PL) transferiu o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça para proteger seus filhos nos casos de supostas “rachadinhas” em seus gabinetes.

"O Coaf foi para o Ministério da Economia. Depois teve uma decisão do Supremo (Tribunal Federal) que beneficiou o filho do presidente, parou uma investigação. O problema é que essa liminar parava todas as investigações de lavagem de dinheiro no país", disse Moro, em entrevista ao Flow Podcast na segunda-feira (24/1).

Moro afirmou que Bolsonaro não queria que a decisão da Justiça fosse alterada e que, por isso, o confrontava. Segundo ele, o presidente dizia: "Moro, se você não for ajudar, não atrapalha". O ex-ministro da Justiça diz que considerava a decisão um "desastre" e que afetava "todo o sistema". Ele garantiu não ter obedecido à ordem do presidente, e lembrou que algum tempo depois "a liminar caiu".

A transferência ao Ministério da Economia ocorreu após a aprovação de uma MP (Medida Provisória) no Congresso, em 2019. Atualmente, o Coaf é de responsabilidade do Banco Central (BC), que até 2021 era vinculado à pasta.

Vale destacar que, enquanto era ministro da Justiça, o ex-juiz não deu declarações públicas defendendo que o Coaf continuasse em seu ministério.

Segundo Moro, Bolsonaro tinha “medo” de que as investigações do Coaf chegassem a ele e afirmou, na entrevista, que o atual presidente decidiu "enfraquecer o combate à corrupção" durante o mandato.

"O primeiro elemento que revelou isso foi quando teve a questão do Coaf, um órgão de inteligência de lavagem de dinheiro no Brasil, e que estava no Ministério da Justiça, na minha alçada. A gente tinha melhorado o Coaf, tinha aumentado o número de pessoas, e teve o movimento de levar para o Ministério da Economia. O pessoal ali tinha medo, porque sabia que ali não tinha esquema, não tinha negócio", disse.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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