Crise militar

Bolsonaro na Rússia: "Coincidência ou não, parte das tropas deixou a fronteira"

Presidente ainda consentiu que foi pressionado a desistir da viagem a Moscou para encontrar o líder russo, Vladimir Putin, mas disse que o mesmo "busca a paz"

Ingrid Soares
postado em 16/02/2022 17:25 / atualizado em 16/02/2022 17:25
 (crédito: Evaristo Sa/AFP)
(crédito: Evaristo Sa/AFP)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (16/2), durante coletiva à imprensa, na Rússia, que horas antes de sua visita, "por coincidência ou não, parte das tropas deixou a fronteira". Ontem, momentos antes de chegar ao local de desembarque, o líder do Brasil deu relevância à notícia da retirada militar por meio das redes sociais, o que foi celebrado por bolsonaristas com memes e fake news que apontavam que o presidente brasileiro teria "impedido a guerra no mundo”.

O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, compartilhou uma postagem onde simulou a capa da revista americana Time em que Bolsonaro aparecia, atribuindo ao presidente brasileiro o Nobel da Paz de 2022 por “seu papel fundamental na crise entre Rússia e Ucrânia”, além de definir o presidente como o "homem que poderá definir o futuro do planeta". Inicialmente, Salles não esclareceu que se tratava de uma montagem.

Em uma segunda publicação, usou a logo do canal CNN afirmando que o presidente “evitou a 3ª Guerra Mundial”. O veículo publicou uma nota desmentindo a montagem. Uma outra apoiadora do presidente disse que Bolsonaro deveria criar um “ministério de interpretação de meme”.

Nesta quarta-feira, Bolsonaro consentiu que foi pressionado a desistir da viagem a Moscou para encontrar o líder russo, Vladimir Putin, mas disse que o mesmo "busca a paz".

"Sim, tivemos informações de que alguns países gostariam que o evento não se realizasse. Alguns achavam que o pior poderia acontecer com a nossa presença aqui. Eu entendo que a leitura que tenho dele é de que é uma pessoa que busca a paz e qualquer conflito não interessa para ninguém no mundo. Mantivemos nossa agenda, por coincidência ou não, parte das tropas deixou a fronteira. E, pelo que tudo indica, o caminho para solução pacífica se apresenta no momento para a Rússia e Ucrânia".

Em seguida, o chefe do Executivo foi questionado se havia enviado o mesmo recado para o governo da Ucrânia. Bolsonaro desconversou, limitou-se a dizer que "a missão na Rússia é uma missão comercial e de paz" e encerrou a entrevista.

Eleições

Ao ser perguntado por jornalistas se havia conversado com Putin a respeito da segurança nas eleições, o presidente disse que "isso não é assunto para tratar fora do Brasil" e que "se alguém faz qualquer ilação nesse sentido, está extrapolando no meu entender a sua atividade".

"Não, isso não é assunto para tratar fora do Brasil, com todo o respeito. Se alguém faz qualquer ilação nesse sentido está extrapolando, no meu entender, a sua atividade. Muito obrigado".

Ontem, o ministro Edson Fachin disse que uma das prioridades da Justiça Eleitoral este ano é a segurança cibernética

"Há riscos de ataques de diversas formas e origem. Tem sido dito e publicado, por exemplo, que a Rússia é um exemplo dessas procedências. O alerta quanto a isso é máximo e vem crescendo", disse na ocasião.

Encontro

Mais cedo, hoje, Bolsonaro se reuniu em Moscou com Putin no Palácio do Kremlin, sede do governo russo. Sentados em poltronas próximas e em breve discurso de ambos os lados, o chefe do Executivo brasileiro afirmou que o Brasil "é solidário à Rússia" e enumerou áreas de cooperação econômica com o país.

Em referência à Hungria, Bolsonaro repetiu discurso de mais cedo sobre negociação pacífica diante de crises, mas disse que não entraram na questão.

"Falei para ele [Putin] que o Brasil é um país que apoia qualquer outro país e é solidário desde que busquem a paz, e essa é a intenção dele. Não entramos na questão específica de algumas questões regionais, mas a posição do Brasil certamente é essa: o mundo é nossa casa e Deus acima de tudo. Os valores russos, em grande parte, estão em sintonia conosco do Brasil, em especial o cristianismo e a questão dos valores familiares", completou.

O presidente reiterou que houve conversas sobre a certificação de combustível, além de "pequenas usinas geradoras de energia elétrica via nuclear". Ele chamou o resultado do encontro de "mais que um casamento perfeito".

"Realmente, é mais que um casamento perfeito o sentimento que eu levo para o Brasil e senti também pela fisionomia, por aquilo que foi tratado até fora da agenda oficial com a autoridade russa e em especial com Putin, que é esse o sentimento que ele também tem do Brasil."

E concluiu: "Aqui existe um problema e somos solidários com todo e qualquer país, desde que o caminho para a busca por esses impasses seja o pacifico".

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