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Derrotada no Congresso, Bolsonaro volta a ladainha do voto impresso

Bolsonaro volta a defender o retorno das cédulas de votação, proposta derrotada no Congresso, e ironiza ministros do TSE: "Queridos"

Ingrid Soares
postado em 26/03/2022 06:00
 (crédito: Evaristo Sa/AFP)
(crédito: Evaristo Sa/AFP)

Em aceno à base ideológica, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender o voto impresso — projeto derrotado no Congresso — e ironizou ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao chamá-los de "queridos". Ele voltou a colocar em dúvida a lisura das urnas eletrônicas.

"O voto tem de ser contado. Não podemos disputar uma eleição com a mínima suspeição de que algo esteja errado. E podem ter certeza: eu acredito que as eleições sejam limpas no corrente ano, porque só podemos concorrer às eleições dessa maneira. Muitos me acusaram de ser ditador, de querer dar golpe. A gente está fazendo justamente o contrário do que nos acusaram", alegou, durante a cerimônia de lançamento de novas medidas do Programa Renda e Oportunidade, no Palácio do Planalto.

Bolsonaro enfatizou que "vai perder ou ganhar dentro das quatro linhas (da Constituição)''. "Nós queremos eleições limpas, e tenho certeza de que temos como colaborar com nosso prezado TSE, com nosso querido Alexandre de Moraes, com nossos queridos (Luís Roberto) Barroso e (Edson) Fachin, para que isso aconteça. Eu tenho certeza de que, do fundo do coração deles, eles querem isso", ironizou. "Isso é o que quer, no meu entender, grande parte da população brasileira. Aqui, não é uma disputa de campeonato de futebol, em que já vimos uma grande torcida falar: 'Olha, foi gol de mão, mas gol de mão é mais gostoso'. Para eleições, não vale isso, não. Vale é seriedade, transparência. Vamos perder ou ganhar dentro das quatro linhas", acrescentou. Fachin e Moraes são presidente e vice, respectivamente, da Corte eleitoral. Barroso comandou o tribunal até 22 de fevereiro último.

O chefe do Executivo também sustentou que, caso o PT retorne ao poder, "vai ser f*" recuperar a liberdade. "Só se dá valor à liberdade depois que se perde. Mas para recuperá-la, pessoal, desculpa o palavrão, vai ser f*. Vão passar 50, 60, 70 anos para recuperá-la. Não percam a oportunidade de garantir a sua liberdade agora", afirmou. "Se você não quer lutar pela sua liberdade, tudo bem. Lute pela do seu filho, do seu neto. Não esmoreça. A responsabilidade é de todos nós.", concluiu.

O presidente também reclamou do que chamou de ditadura nas redes sociais, numa crítica velada ao Supremo Tribunal Federal (STF), que tem combatido, assim como o TSE, a disseminação de notícias falsas. "Quem são os censores? Escolhidos por qual critério? Estão a serviço de quem? Querem prejudicar quem? Imagine se tivesse o cara do PT no meu lugar. Vocês não estariam aqui. E ainda tem gente que acha que esse tipo de governo pode voltar para cá", protestou.

As novas investidas de Bolsonaro ocorrem no mesmo dia em que outra pesquisa, desta vez, do Ipespe, aponta que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua na liderança das intenções de voto com 44%, seguido do chefe do Executivo, com 26%. O levantamento mostra ainda que 65% dos participantes desaprovam o atual governo. Na quinta-feira, o Datafolha mostrou Lula com 43%, e Bolsonaro com 26%.

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