Aniversário de Brasília

Senado: sessão solene em homenagem a Brasília tem tom de pré-campanha

Presidiram a mesa os senadores Izalci Lucas (PSDB) e Leila Barros (PDT), que lançará sua pré-candidatura ao governo nesta segunda-feira (18/4)

Tainá Andrade
postado em 18/04/2022 15:20 / atualizado em 18/04/2022 15:20
 (crédito: Pedro França/Agência Senado)
(crédito: Pedro França/Agência Senado)

O Senado promoveu nesta segunda-feira (18/4) uma sessão solene em comemoração aos 62 anos de Brasília. Apesar de o aniversário da cidade ser no dia 21 de abril, os senadores pelo Distrito Federal, Izalci Lucas (PSDB) e Leila Barros (PDT) — que lançará hoje a sua pré-candidatura ao governo do DF — solicitaram a homenagem em função de a capital ter se tornado a metrópole mais populosa do país, com 3 milhões de habitantes. Além disso, a celebração não pôde ser feita nos últimos dois anos em razão da pandemia.

Participaram da homenagem o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paulo César Rezende, a reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão, e o representante da presidência do Memorial Juscelino Kubitschek, o bisneto do criador da cidade, André Kubitschek.

Em tom de campanha, Leila do Vôlei pediu, em seu discurso em Plenário, pela melhor eficiência de combate, no DF, de casos de violência doméstica e feminicídios. Também comentou sobre a carência de modernização do transporte público, além de mencionar a priorização da mobilidade urbana por parte do governo. A senadora falou ainda sobre casos de corrupção.

Izalci Lucas aproveitou o momento para lamentar os recentes desvios ocorridos nas contas distritais. “Infelizmente, preciso dizer que a nossa capital, que deveria ser exemplo para todo o país, nos últimos anos, é hoje manchete nas páginas policiais por desvios de recursos e de condutas. Isso quer dizer, desvios de dinheiro que deveria ser usado na saúde, na educação, na segurança, na assistência social da população, especialmente para as áreas e população que mais precisam. Tenho a esperança de que isso passará e voltaremos com a esperança de colocar a nossa capital como um exemplo para todo o país.”

A senadora Leila relembrou, na solenidade, os candangos, termo destinado aos anônimos que vieram de fora para construir a cidade, enfatizando a importância da participação das trabalhadoras mulheres à época. “A história não foi justa com as mulheres”, declarou. A parlamentar aproveitou para indicar no Plenário que todos assistam ao documentário Poeira e Batom no Planalto Central, no qual foram reunidos depoimentos de mulheres que colaboraram para a construção da capital.

“Na condição de Procuradora Especial desta Casa, é meu dever e minha obrigação enfatizar isso. O Censo Experimental realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em Brasília, no ano de 1959, dá uma ideia do tamanho da injustiça cometida contra as trabalhadoras que, com seu esforço, também foram decisivas para que a nova capital ficasse pronta no prazo estipulado pelo nosso presidente Juscelino Kubitschek. O IBGE contou 2.966 mulheres economicamente ativas em sua coleta de dados. A maioria era prestadora de serviços diversos”, comentou.

“Louvemos por igual o trabalho daquela geração de mulheres, assim como louvamos o trabalho daqueles homens. 'Esquecer' — com todas as aspas —, a importância do trabalho da mulher em nosso passado é uma forma de querer diminuir a importância da mulher no presente”, continuou.

Educação

Leila do Vôlei também comentou sobre os dados do DF na educação. A capital não obteve a meta para o ensino básico, de acordo com o levantamento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), divulgado em 2020.

“A capital do país foi um dos três entes federativos que não conseguiram atingir a meta na fase inicial do ensino básico. Não podemos aceitar a normalidade com que as pessoas falam da geração 'nem-nem', que não trabalha e nem estuda, como se se tratasse de crianças e jovens que tivessem tido as melhores oportunidades para estudar, para se desenvolver e para trabalhar. Cada cabeça jovem dessas é uma espécie de computador sem uso, que não é ligado na tomada, porque é preto, pobre, periférico, mulher e morador de um 'aglomerado subnormal'. Subnormal, meus amigos, é a gente aceitar isso com normalidade”, opinou a pré-candidata.

UnB

A reitora da UnB, Márcia Abrahão, agradeceu ao apoio dos senadores de Brasília à universidade, que nasceu dois anos depois da criação da cidade. Ela associou o aniversário da cidade à instituição de ensino superior e lembrou da homenagem, no próximo dia 25, ao local criado por determinação do ex-presidente Juscelino Kubitschek.

“Brasília e sua universidade pública federal precisam ainda estreitar cada vez mais laços, porque são parecidas na vontade do projeto original, são semelhantes no desejo do desenvolvimento pleno e interior do país. São muito próximas no gesto primeiro do arquiteto em criar beleza e espanto na prancheta, traços que se transformam em vida, linhas que viram realidade concreta, decisões que afetam toda a Federação. Nos seus 62 anos, nossos sinceros votos são para que, neste momento difícil e sensível pelo qual passamos, Brasília se junte ao slogan de 60 anos da Universidade de Brasília: 'Atuante como sempre, necessária como nunca'”, frisou.

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