DIA DA VITÓRIA

Dia da Vitória: a história de quando brasileiros lutaram na 2ª Guerra

Exército homenageou na sexta-feira (6/5) brasileiro centenário que fez parte da Força Expedicionária Brasileira (FEB)

Cristiane Noberto
postado em 08/05/2022 07:00 / atualizado em 09/05/2022 00:46
 (crédito: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)
(crédito: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press)

Neste domingo (8/5), faz 77 anos que os alemães assinaram o tratado de rendição que culminou no fim da Segunda Guerra Mundial. Em 8 de maio de 1945, os soldados brasileiros, que foram enviados para o front, respiravam aliviados com a chance de retorno para casa. O Dia da Vitória é comemorado pelo Ocidente um dia antes da Rússia

O Brasil já tinha decidido não entrar na Guerra, ainda que o confronto estivesse acontecendo entre os principais compradores dos insumos vindos daqui. Foi quando os Estados Unidos resolveram partir para cima e houve uma pressão para que o governo brasileiro se posicionasse. Além disso, navios mercantes brasileiros estavam sendo atacados por parte dos italianos e alemães – uma represália a nações que comungavam com interesses dos inimigos deles.

Assim, o então presidente Getúlio Vargas cedeu e decidiu acabar o período de neutralidade e entrou em acordo com o presidente americano Franklin Roosevelt, para enviar a Força Expedicionária Brasileira (FEB) para Nápoles, na Itália, e lutar ao lado dos Aliados (Inglaterra, França e Estados Unidos).

“Foram, pelo menos, 25.894 homens embarcados para lutarem. Mas o governo brasileiro também usou isso para tirar as melhores vantagens possíveis da guerra. Foram ganhos políticos, investimento em indústrias, que foi a base para nossa industrialização. A siderúrgica de Volta Redonda (RJ), que virou a Companhia Siderúrgica Nacional, foi o marco para que a gente começasse a ser uma nação industrializada, e foi ganho da guerra. O envio de tropas para a Europa mostrou que o Brasil não era um país qualquer”, apontou Sandro Teixeira Moita, professor do Instituto Meira Mattos na Escola de Comando Maior do Exército.

Já na Itália, os militares brasileiros receberam treinamento do Exército americano e participaram da luta por quase um ano. Em 239 dias ininterruptos de intensos combates, destacam-se as vitórias em Monte Castelo, após quatro tentativas; Montese, uma das mais sangrentas, com 426 baixas brasileiras; Collecchio e Fornovo, quando aproximadamente 20 mil alemães e a 90ª Divisão Panzer Granadier e de italianos se renderam à FEB.

O Dia da Vitória era celebrado anualmente desde o retorno dos pracinhas em 8 de maio porque foi o dia em que os alemães se renderam ao Ocidente. Mas, ano a ano, a tradição nacional passou a ser apenas uma lembrança para os militares. A Rússia é um dos países onde a comemoração é mais forte e feita no dia 9 de maio, pois foi o dia que os nazistas entregaram a carta de rendição a Moscou.

Moita ainda destaca que é preciso resgatar essa memória pois, “derrotar a ameaça totalitária, que custou muito caro com muitas baixas, deve servir como missão para impedir que isso ressurja”.

Sem racismo 

Moita também destaca que, uma das coisas que mais chamou a atenção da Europa e Estados Unidos na época, foi que a FEB foi a única, de todas as tropas enviadas, que lutou racialmente integrada. “Os outros batalhões eram segregados. Havia uma campanha racista muito forte nos EUA nesse período e os soldados da África e Índia, eram comandados apenas por superiores caucasianos”, explicou.

A FEB tinha tenentes e soldados pardos, negros, de origem alemã e indígena. “Isso gerou uma série de questionamentos internacionais do tipo: porque um país atrasado como o Brasil pode ser assim e a gente não? Do nosso lado, não tinha um problema de racismo como tinha nos outros Exércitos”, disse.

 

Militar centenário ganha homenagem

Após a rendição dos alemães, os milhares de brasileiros voltaram aliviados para a nação tupiniquim. Entre eles estava o tenente-coronel Nestor Silva, que hoje tem 104 anos. Ele ingressou no Exército Brasileiro como praça em Belo Horizonte (MG), fez o curso de sargentos da corporação e, em 1944, embarcou para a Itália, onde participou de todas as batalhas que os brasileiros foram escalados.

O veterano teve uma participação importante na atuação na batalha de Montese, considerada a maior batalha brasileira durante a SG no país europeu, quando um dos superiores acabou morto em campo. Ele foi promovido a segundo tenente por ter demonstrado elevada capacidade de comando das tropas e passou a liderar os soldados naquele momento. Ao retornar para casa, Nestor se casou com a namorada que o esperou por toda a guerra e concluiu o curso para tenente.

Na última sexta-feira (6/5), o Comando Militar do Planalto prestou uma homenagem ao Coronel Nestor Silva, de 104 anos. Uma banda da corporação tocou músicas para ele, entre elas, a tradicional Canção do Expedicionário – uma surpresa para o pracinha da Força Expedicionária Brasileira. Esta foi uma das ações em memória ao triunfo dos Aliados contra as tropas do Eixo e ocorreu em frente à casa do veterano de guerra.

Veja o vídeo abaixo:

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