O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um novo afago ao PSDB, após dizer, na terça-feira, que o partido "acabou". Ao falar da rivalidade que travou com Geraldo Alckmin (PSB) na época em que o ex-governador paulista era filiado à sigla, o petista ressaltou que ambos trocavam críticas como "amigos que jogam bola".
"Não é que Alckmin não me criticasse ou eu não o criticasse. A gente fazia as críticas como amigos que jogam bola. A gente dá botinada, a gente pisa no pé, chuta a canela, mas a gente continua sendo civilizado e continua conversando", afirmou, ontem, durante evento com figuras do setor da cultura no Rio Grande do Sul. Alckmin hoje é pré-candidato a vice de Lula.
Na quarta, o ex-presidente também acenou ao partido ao dizer que o país era "feliz" quando a principal polarização do cenário político brasileiro acontecia entre PT e PSDB. Os afagos são uma forma de o petista reverter o mal-estar que se instalou entre os tucanos após a declaração sobre a sigla ter acabado. Lula tenta angariar apoio de quadros do partido, no primeiro turno, à sua candidatura.
No mesmo evento, Lula defendeu que os ministros do Supremo Tribunal Federal devem evitar manifestações pela imprensa sobre casos que estão sendo julgados pela Corte. "O STF tem de apenas ser o guardião da Constituição. Não pode ficar fazendo discurso e dando voto pela imprensa. O voto tem de ser dado pelos autos do processo", criticou.
Lula voltou a dizer que é preciso recuperar a "normalidade das nossas instituições", ao reprovar a atuação do Ministério Público na Operação Lava Jato e o uso das chamadas emendas de relator, que deram origem ao orçamento secreto. O mecanismo é usado pelo Executivo para angariar apoio de parlamentares.
"Vamos ter de recuperar a normalidade das nossas instituições. O Congresso tem de voltar a legislar, o Ministério Público tem que voltar a cumprir seu papel de ser mais responsável", enfatizou o ex-presidente. "O Congresso Nacional não tem de ter orçamento próprio para o relator. Quem tem de cuidar do orçamento é o Poder Executivo. Este país tem de voltar à normalidade", acrescentou.
Lula também comentou a alta do Produto Interno Bruto (PIB) e afirmou que a elevação não se reflete no aumento de salário ou na maior geração de empregos. De acordo com o petista, os dados podem revelar apenas "acúmulo de riqueza" para o empresariado brasileiro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1% no primeiro trimestre, na comparação com os últimos três meses de 2021.
"Quando o PIB cresce, você não recebe aumento de salário porque o PIB cresceu. Nem sempre que o PIB crescer significa que gerou mais emprego. Às vezes, nós temos certeza de que gerou acúmulo de riqueza em quem é empresário neste país", disse, durante debate sobre cooperativismo também em Porto Alegre. "Agora, quando o PIB não cresce, você pode ter certeza de que o trabalhador perde. Quando ele cresce, a gente não tem certeza de quem ganha, mas quando não cresce, a gente tem certeza de que vem para as costas do trabalhador."
Na linha de destacar políticas econômicas que vigoraram durante suas gestões na Presidência, Lula frisou que no seu governo o salário mínimo era reajustado pela inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) mais a variação do PIB de dois anos antes. "Aí você estava dando o aumento do PIB para o trabalhador", acrescentou.
O governo de Jair Bolsonaro (PL) tem optado por dar apenas o reajuste pela inflação, garantido pela Constituição, devido à situação delicada das contas públicas.
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