Repercussão

NYT diz que militares viraram aliados de Bolsonaro no questionamento das eleições

Reportagem publicada pelo principal jornal dos Estados Unidos, neste domingo (12/6), alerta que o presidente e as Forças Armadas levantam dúvidas sobre o processo eleitoral

Pedro Grigori
postado em 12/06/2022 22:49 / atualizado em 12/06/2022 23:14
 (crédito:  Alan Santos)
(crédito: Alan Santos)

Uma reportagem publicada neste domingo (12/6) pelo principal jornal dos Estados Unidos, o The New York Times, diz que os militares tornaram-se os principais aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) no questionamento às eleições deste ano. Com o título Novo aliado de Bolsonaro no questionamento das eleições no Brasil: os militares a longa reportagem, escrita pelo jornalista Jack Nicas, chefe da sucursal do NYT no Brasil, dá aos leitores um panorama do clima político no Brasil a quatro meses das eleições. 

A reportagem destaca, diversas vezes, que as acusações feitas por Bolsonaro e por líderes das Forças Armadas ocorrem “apesar de pouca evidências de fraudes anteriores”, e que isso vem aumentando as já altas tensões sobre "a estabilidade da maior democracia da América Latina".

O NYT relembra que os militares enviaram questionamentos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o pleito de outubro, e que eles receberam uma vaga no cômite da transparência das eleições “para aliviar os temores de que Bolsonaro havia despertado sobre a votação”.

A publicação destaca que Bolsonaro “tem falado com carinho” sobre a ditadura que o Brasil viveu entre 1964 e 1985, e que o presidente brasileiro tem sempre evidenciado como as Forças Armadas respondem a ele.



“Faltando pouco mais de quatro meses para uma das votações mais importantes da América Latina em anos, um confronto de alto risco está se formando. De um lado, o presidente, alguns líderes militares e muitos eleitores de direita argumentam que a eleição está aberta a fraudes. Do outro, políticos, juízes, diplomatas estrangeiros e jornalistas estão soando o alarme de que Bolsonaro está preparando o cenário para uma tentativa de golpe”, diz trecho da reportagem.

A publicação faz uma relação entre as táticas adotadas por Bolsonaro e atitudes tomadas pelo último residente dos Estados Unidos, Donald Trump, após ter perdido as eleições de 2020. “Os dois homens (Bolsonaro e Trump) refletem um retrocesso democrático mais amplo que se desdobra em todo o mundo”, diz o jornal.

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Vale lembrar que Bolsonaro e Trump sempre demonstraram admiração um pelo outro. No último sábado (11/6), Bolsonaro disse que convidou Trump para um encontro antes das eleições brasileiras. Na mesma entrevista, Bolsonaro disse que não convidou Joe Biden, atual presidente dos EUA, para visitar o Brasil. "Não está esse clima todo, vai devagar. É um namoro, um noivado", afirmou sobre o atual presidente dos EUA.

"Conversei com ele, Trump, esta semana. Convidei, como sempre para ir ao Brasil. Ele quer, dois meses antes da eleição, se encontrar comigo, aqui ou lá", afirmou o presidente brasileiro em Orlando, após a passagem pela Cúpula das Américas, em Los Angeles.


A reportagem do The New York Times é finalizada com um questionamento sobre o papel das Forças Armadas no pleito brasileiro. “Como o apoio dos militares pode ser fundamental para um golpe, uma pergunta popular nos círculos políticos se tornou: se Bolsonaro contestasse a eleição, como os 340.000 membros das forças armadas reagiriam?”, diz trecho final da reportagem.

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