ELEIÇÕES 2022

Bolsonaro foca em discurso conservador e contra o aborto em evento religioso

Presidente procura falas mais resignadas em relação à inflação e ao aumento dos combustíveis para o público evangélico do Pará e ataca indiretamente Lula ao reafirmar que é contra o aborto e a igualdade de gênero

Rosana Hessel
postado em 17/06/2022 21:49 / atualizado em 17/06/2022 21:52
 (crédito: Reprodução das redes sociais)
(crédito: Reprodução das redes sociais)

Sem citar nomes, o presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitou evento religioso no Pará para focar no discurso conservador e atacar indiretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições gerais de outubro. No começo deste ano, o petista chegou a defender a legalização do aborto, dando munição aos opositores, e, depois, tentou consertar afirmando que era contra. Diante do público evangélico, o chefe do Executivo se conteve nos palavrões, falou pausadamente e demonstrou resignação em relação à nova alta dos preços dos combustíveis anunciada, nesta sexta-feira (16/7), pela Petrobras. 

“Hoje, vivemos um Brasil polarizado. Vou dizer a vocês que o nosso governo é contra o aborto. O nosso governo defende a família e nós somos contra a ideologia de gênero. A inocência das crianças em sala de aula tem que ser preservada. Nós somos contra a liberação das drogas”, disse Bolsonaro, durante evento da Escola de Sabedoria 2022, em Belém, ao lado de pastores polêmicos, como Silas Malafaia. “Nós defendemos a liberdade em nossa pátria e aí incluímos a liberdade de culto. Somos livres para escolher nossa religião, professar nossa fé. Nós respeitamos todos os cidadãos brasileiros”, acrescentou.

Durante a fala sobre as "coisas espirituais", que foi recheada de aplausos dos fiéis presentes, Bolsonaro insinuou que ele está destinado à vida eterna por ser temente a Deus e ainda voltou a citar sua nova frase de efeito que vem adotando nessa pré-campanha eleitoral. “Temos, agora, as coisas espirituais, aquelas que marcam as nossas vidas. Eu costumo dizer: é o nosso currículo para a vida eterna. Até mesmo uma passagem bíblica diz algo parecido: nada nada temeis, nem mesmo a morte, a não ser a morte eterna”, afirmou.

Ao falar das “coisas materiais”, Bolsonaro evitou atacar o novo reajuste da Petrobras na gasolina e no diesel, anunciado nesta sexta-feira nas refinarias, e que passará a valer a partir de amanhã (sábado). A companhia não reajustava a gasolina há 99 dias. Após o anúncio e as ameaças de intervenção na estatal, a companhia perdeu R$ 27,3 bilhões em valor de mercado em um único dia.

“Hoje, passamos por um problema que não é apenas sentido no Brasil, é sentido no mundo todo. O pós pandemia; a equivocada política do fica em casa, a economia a gente vê depois, e a guerra (na Ucrânia) a 10 mil quilômetros de distância traz (sic) dissabores para todo mundo. O Brasil não ficou fora disso. Aumento dos preços, nos combustíveis, entre outras coisas”, afirmou o chefe do Executivo, em um tom mais conformista e menos irritado com o comando da Petrobras. Durante um das transmissões na internet, após a estatal anunciar o reajuste anterior do diesel, na primeira quinzena de maio, Bolsonaro chegou a vociferar palavrões por conta do aumento do combustível. Na ocasião, contou que tinha pedido para os dirigentes da empresa segurarem o ajuste por conta do lucro bilionário da companhia.

Apesar do reajuste nos combustíveis contribuir para que a inflação continue elevada, Bolsonaro aproveitou o evento religioso para mostrar resignação. “Podem ter certeza, com liberdade, com fé, nós venceremos todos os obstáculos”, afirmou. “Podemos perder algo material, hoje, mas a nossa fé, a nossa religião, o nosso temor a Deus fará (sic) com que recuperaremos tudo isso e mais ainda: pavimente as nossas vidas para um futuro eterno”, frisou ele, na noite desta sexta. Mais cedo, afirmou que a Petrobras traiu os brasileiros e até pediu a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que, em breve, terá o quatro presidente nomeado pelo ex-capitão. 

Em pleno tom eleitoreiro, moldado para o público evangélico — uma das principais bases de apoio do atual governo —, o presidente voltou a afirmar que “costuma dizer algo que nunca foi feito no Brasil”. “Hoje temos um presidente e um governo que acredita em Deus, que respeita os seus militares e os seus policiais, que defende a família tradicional e deve lealdade ao seu povo”, disse.

  

 

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