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Bolsonaro rebate rótulo de misógino: "Endurecemos penas para crimes"

No entanto, o presidente Bolsonaro coleciona casos polêmicos em relação às mulheres. Diante de denúncias de assédio sexual e moral contra o ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães, o chefe do Executivo ainda se mantém calado

Ingrid Soares
postado em 01/07/2022 21:32 / atualizado em 01/07/2022 21:32
Bolsonaro alegou que sua gestão endureceu penas para crimes contra a mulher -  (crédito:  AFP)
Bolsonaro alegou que sua gestão endureceu penas para crimes contra a mulher - (crédito: AFP)

O presidente Jair Bolsonaro (PL) rebateu nesta sexta-feira (01/07) o rótulo de misógino. Em postagens por meio das redes sociais, o chefe do Executivo alegou que a esquerda o chama “falsamente de misógino” para “distrair inocentes”. O chefe do Executivo acusou ainda que a oposição está “de mãos dadas com o narcotráfico, que objetifica, escraviza, espanca, tortura, queima, mata e esquarteja mulheres”. Bolsonaro alegou ainda que sua gestão endureceu penas para crimes contra a mulher.

“A violência está, sim, em todos os lugares e deve ser combatida, nós inclusive endurecemos penas para crimes contra a mulher, a diferença é que para o crime organizado essa violência é lei”, escreveu.

“Não há ambiente mais nocivo às mulheres do que os dominados pelo narcotráfico. Usar figuras femininas para amenizar a imagem dos que apoiam essas práticas é não apenas colaborar com o crime, mas fazer demagogia manipulando inocentes, que serão as primeiras vítimas dos criminosos”, continuou.

“Enquanto uns vivem de falsas promessas e frases de efeito para enganar o público feminino, nós temos enfrentado esse verdadeiro mal, endurecendo penas para crimes contra mulher, reduzindo a violência, ampliando o direito de se defender e atacando fortemente o crime organizado”, completou.

A postagem de Bolsonaro ocorre em meio a denúncias de assédio moral e sexual contra o ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães. No último dia 29, Guimarães pediu demissão da presidência do banco. Em carta divulgada, ele ainda afirmou que as acusações não procedem, mas diz que não pode prejudicar "a instituição ou o governo sendo um alvo para o rancor político em um ano eleitoral". Nas denúncias de assédio, funcionárias do banco relatam os abusos. Guimarães é acusado de passar a mão nas mulheres, convidá-las para quartos de hotel em viagens, além de cometer assédio verbal. Bolsonaro ainda não comentou as denúncias contra um de seus principais aliados que chegou a ser cotado como vice em sua chapa na corrida à reeleição e escolheu a secretária especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia (Sepec), Daniella Marques, braço direito do ministro Paulo Guedes, para assumir a presidência da Caixa.

Já o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB), disse nesta sexta-feira (1º/7) que Guimarães “falhou e falhou feio". “Qualquer tipo de assédio que é feito por superior sobre um subordinado é das piores coisas que podem acontecer. Então, não concordo em hipótese alguma", apontou.

Histórico de Bolsonaro

Em 2014, ainda deputado federal, Bolsonaro atacou a parlamentar Maria do Rosário (PT-RS), afirmando que "ela não merece (ser estuprada) porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar porque não merece", disse na ocasião.

Em 2017, durante uma palestra no Rio de Janeiro, o chefe do Executivo se referiu à sua única filha, Laura, como uma “fraquejada”. “Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens, aí no quinto eu dei uma fraquejada e veio uma mulher”.

O histórico de Bolsonaro em relação às mulheres quando já eleito também deixa a desejar. Em outubro do ano passado, o presidente vetou trecho de uma lei que distribuiria absorventes de forma gratuita para pessoas em vulnerabilidade social, alegando falta de previsão orçamentária para custear a medida. Já em março, Dia Internacional da Mulher, após polêmicas, onde chegou a ironizar que “mulher começou a menstruar no meu governo”, sancionou um decreto com um viés semelhante, mas que não possui público alvo definido conforme o projeto vetado que previa ainda a inclusão do absorvente na cesta básica. Na mesma ocasião, destacou ainda que “hoje em dia, as mulheres estão praticamente integradas à sociedade”.

Em fevereiro de 2020, Bolsonaro ofendeu a jornalista da Folha de S. Paulo, Patrícia Campos Mello, com uma insinuação sexual ao comentar o depoimento na CPI das Fake News no Congresso, feito por Hans River, ex-funcionário da Yacows, uma agência de disparos de mensagens em massa por WhatsApp. “Ela (a repórter) queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”, disse aos risos. No último dia 29, a jornalista venceu, por 4 votos a 1, o processo contra o presidente por declarações consideradas sexistas. A repórter deverá receber uma indenização de R$ 35 mil pelo crime de ofensa à honra.

O presidente também é adepto a piadas sexistas. No final de janeiro, mostrou a um grupo de apoiadores um vídeo de uma "piada" que associava a conquista romântica entre mulher e homem mais velho a interesse e caixa eletrônico. O chefe do Executivo reproduziu um vídeo pelo celular de um trecho do programa humorístico A Praça é Nossa, do SBT, com o personagem de Carlinhos Gó Gó.

Para tentar conter a imagem já desgastada perante o público feminino, Bolsonaro tem apostado na figura da primeira-dama, Michelle Bolsonaro nas viagens, agendas e campanha, assim como na ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na ex-ministra da Mulher e Família, Damares Alves.

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