Crime

Polícia Civil do Paraná "não quer reconhecer crime de ódio", diz Gleisi

A presidente nacional do PT criticou nesta sexta-feira (15/7) a conclusão do inquérito sobre o assassinato do tesoureiro do partido Marcelo Arruda

Victor Correia
postado em 15/07/2022 16:01
 (crédito: Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press)
(crédito: Wallace Martins/Esp. CB/D.A Press)

A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, criticou nesta sexta-feira (15/7) a conclusão do inquérito da Polícia Civil do Paraná sobre o assassinato do tesoureiro petista Marcelo Arruda, morto a tiros durante comemoração de seu aniversário no último sábado (9/7). Segundo a deputada, a corporação "não quer reconhecer que foi cometido um crime de ódio". 

"É grande a nossa indignação com as conclusões açodadas do inquérito da Polícia Civil do Paraná sobre o assassinato do companheiro Marcelo Arruda. As provas que a própria polícia recolheu mostram que o assassino foi até a festa de Marcelo de caso pensado, para agredir e ofender exclusivamente por motivação política", disse Gleisi em vídeo divulgado nas redes sociais.

Os resultados do inquérito sobre o assassinato de Marcelo pelo bolsonarista Jorge Guaranho foram apresentados na manhã de hoje (15/7) pela Polícia Civil. Em coletiva de imprensa, a delegada responsável pelo caso, Camila Cecconello, afirmou que o crime não se enquadra como motivação política. Para tanto, a delegada explicou que seria necessário provar que o assassino queria impedir os direitos políticos de Marcelo.

O inquérito determinou que Guaranho estava em um churrasco quando recebeu a informação do aniversário de Marcelo, que teve como tema o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e foi até o local para tocar uma música de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Após uma discussão entre os dois, Guaranho saiu do local e voltou alguns minutos depois, entrou na festa e apontou sua arma para Marcelo. O petista, que era guarda municipal, também apontou uma arma para o bolsonarista. Segundo a Polícia Civil, o primeiro disparo foi feito por Guaranho.

Conclusão açodada e contraditória

"Mesmo assim, a delegada do caso quer concluir que a motivação foi pessoal, exatamente a versão que [o presidente Jair] Bolsonaro (PL) e seu vice, [Hamilton] Mourão (Republicanos), querem impor contra a verdade dos fatos", disse Gleisi. No vídeo, ela também cita que a delegada não deu acesso aos advogados da família de Marcelo à investigação, se recusou a ouvir as testemunhas indicadas pela família e se recusou a fazer perícia no celular de Guaranho. 

"Ficou evidente que a Polícia Civil do Paraná não quer reconhecer que foi cometido um crime de ódio, com evidente motivação política, que tem que ser investigado na alçada da Justiça Federal, como requisitamos à Procuradoria-Geral da República na última terça-feira (12/7)", afirmou a presidente nacional do PT. "A conclusão, açodada e contraditória aos fatos do assassinato de Marcelo, significa, na realidade, mais um incentivo aos crimes de ódio e violência política comandados por Bolsonaro no Brasil".

Mais cedo, o diretório do PT no Paraná também criticou as conclusões do inquérito. Ao Correio, o presidente do PT no Paraná, deputado estadual Arilson Chiorato, questionou a celeridade com a qual o inquérito foi encerrado. "A investigação foi encerrada antes mesmo da missa de sétimo dia de Marcelo. Não estou questionando o trabalho da Polícia Civil, mas vários elementos não foram contemplados nas investigações mesmo com pedido dos advogados, como os aparelhos eletrônicos, o celular do assassino, que pode ter ligado para alguém antes do crime", afirmou Chiorato.

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