Eleições 2022

Zema: Kalil fez gestão 'inadequada' em BH e 'não é adepto a pagar dívidas'

Em entrevista, governador mineiro e candidato à reeleição criticou o ex-prefeito de BH, com quem vai disputar a corrida ao Palácio Tiradentes

Guilherme Peixoto/Estado de Minas
postado em 27/07/2022 15:40
Romeu Zema (foto) vai enfrentar Alexandre Kalil na eleição estadual -  (crédito: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 23/7/22)
Romeu Zema (foto) vai enfrentar Alexandre Kalil na eleição estadual - (crédito: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 23/7/22)

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), classificou como "totalmente inadequada" a gestão feita em Belo Horizonte pelo ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), seu rival na eleição estadual. O candidato à reeleição ainda alfinetou o adversário ao dizer que o pessedista "não é adepto a pagar dívidas". As declarações compõem entrevista concedida ao programa "Café com Matte", que será veiculado na íntegra nesta quinta-feira (28/7), no YouTube. A conversa, gravada, ocorreu ontem.

"Considero a gestão dele (Kalil) em Belo Horizonte totalmente inadequada. As enchentes estão aí, ele teve dois mandatos. Corrigiu as enchentes? Não. Agora, com o prefeito Fuad (Noman, do PSD), é que nós assinamos um convênio, estamos repassando à Prefeitura de Belo Horizonte R$ 180 milhões para poder resolver as enchentes na Avenida Tereza Cristina", disse Zema, ao jornalista Marcelo Matte, que foi secretário de Estado de Cultura no início da atual administração.

O governador definiu Kalil como "alguém que só quer criticar". "Propostas,até hoje, não vi nada", falou.

As farpas direcionadas por Zema a Kalil envolveram, também, questões fiscais como o débito do ex-prefeito junto à capital por ausência de pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). No mês passado, em entrevista ao "Flow Podcast", o pessedista admitiu problemas com a Justiça do Trabalho.

"Meu atual adversário, nós sabemos que não é muito adepto de pagar dívidas, menos ainda dívidas de outras pessoas", cutucou o governador.

No mesmo "Flow", ao tratar do caso trabalhista, Kalil detalhou a questão ligada ao IPTU e argumentou que, pelo fato de vários sócios serem responsáveis pelo imóvel de imposto devido, não há como arcar sozinho com o passivo. "Eu disse que qualquer imóvel que estiver no meu nome, que eu dever IPTU, eu dou para a prefeitura".

Governador chama Agostinho de 'adversário'

A Marcelo Matte, Zema destrinchou a relação entre seu governo e a Assembleia Legislativa. O Parlamento é presidido por Agostinho Patrus (PSD), contrário a pautas da atual gestão, como a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que só foi viabilizada por meio da Justiça - porque há temor, entre parte dos deputados estaduais, por prejuízos aos serviços públicos.


O governador chamou Agostinho de "adversário". Isso, porque o deputado foi convidado a ser o vice-candidato de Kalil no pleito deste ano, mas desistiu para abrir espaço à aliança com o PT, que indicou André Quintão para a vaga.

"Ele (Agostinho) hoje faz parte do grupo adversário. Então, de certa maneira, tudo que ele poderia ter feito para poder prejudicar a nossa gestão, ele fez, devido a intenções eleitoreiras dele, mesmo que prejudicando o estado", criticou. "Ele colocou o projeto de poder pessoal dele acima dos interesses dos 21 milhões de mineiros", emendou.

As rusgas entre Zema e Agostinho, embora tenham ocorrido durante boa parte do mandato, se intensificaram neste ano. Há duas semanas, o governador acusou o deputado de "sabotagem".

"Quem sabotou Minas foi o Zema: deixou 11 hospitais regionais inacabados, estradas em péssimo estado, não criou nenhum programa social na pandemia, teve o fura-fila da vacina, autorizou mineração na Serra do Curral, dívida de Minas só crescendo", rebateu o parlamentar.

Aliados de Zema querem Parlamento alinhado em 23

As dificuldades de Zema para articular junto ao Legislativo são refletidas numericamente: dos 77 deputados estaduais, apenas 17 compõem formalmente a base aliada ao Palácio Tiradentes. De abril ao início de julho, o governador chegou a ficar sem um bloco formal de apoio, porque não havia o mínimo de 16 parlamentares para compor uma coalizão oficial.

No sábado (23), o deputado federal Marcelo Aro (PP), principal articulador político de Zema e pré-candidato ao Senado Federal com o apoio do chefe do poder Executivo, projetou outro cenário a partir de 2023.

"Vamos eleger uma bancada forte, do Novo e dos partidos aliados. Não vamos cometer o mesmo erro e vamos eleger um presidente da Assembleia alinhado ao senhor, para aprovar as pautas", prometeu, durante a convenção em que o partido de Zema oficializou a tentativa de conseguir a reeleição.

No mesmo dia, Agostinho Patrus foi ao Twitter lançar uma provocação a Aro. "Tem deputado federal achando que vai resolver a eleição na ALMG no ano que vem em família, assim como faz na Câmara de BH. Coitado, não sabe nada!".

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