ELEIÇÕES

Análise: para Bolsonaro, miliciano é passado. A moda agora é hacker da vaza-jato

O 'mito' baixou uma atualização necessária de software em suas seletas amizades. Eis o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos 2.0 - em nome de Jesus

Ricardo Kertzman - Estado de Minas
postado em 13/08/2022 19:44 / atualizado em 13/08/2022 19:45
 (crédito: Reprodução/PR)
(crédito: Reprodução/PR)

A histórica e umbilical ligação de Jair Bolsonaro com milicianos cariocas parece ter ficado para trás. Fabrício Queiroz, amigão de décadas do presidente e operador confesso das rachadinhas no gabinete do bolsokid Flávio — quando deputado estadual no Rio de Janeiro — já reclamou publicamente do abandono presidencial.

Houve um tempo em que o devoto da cloroquina, atrás dos votos dos trouxas (o meu, inclusive), fazia juras (quase diárias) de amor ao ex-juiz Sergio Moro e à Operação Lava-Jato, que desmontou o maior esquema de corrupção do mundo, patrocinado por Lula da Silva, o meliante de São Bernardo, e seu PT e aliados.

Depois de eleito, contudo, o patriarca do clã do peculato e das mansões milionárias, em busca de proteção familiar, despiu-se da fantasia de combatente da corrupção e mergulhou de cabeça na Operação Contra-Ataque, empoderando os políticos mais corruptos do Brasil e indicando para cargos de comando cúmplices do crime.

O resultado foi a anulação dos processos do líder do petrolão e do mensalão, resgatando-o das profundezas do ocaso eleitoral para o favoritismo ao Planalto em outubro próximo, além de um processo feroz de vingança contra os protagonistas da Lava-Jato, que hoje se tornaram réus e condenados pelos capas-pretas do bordel.

Mas não bastava ao maridão da Micheque (e os R$ 90 mil, hein?) o compadrio com Lira, Nogueira, Collor, Costa Neto... As eleições se aproximam e, ao que tudo indica, o pimpolho das arruaças digitais, Carlos Bolsonaro, o Carluxo, que ganha salário de vereador para delinquir, precisa de reforço, daí novos ares e novas amizades.

Na quarta-feira (10/8) passada, em flagrante exclusivo da revista Veja, o hacker criminoso Walter Delgatti, que invadiu os aparelhos celulares de agentes da Justiça, dando início à chamada vaza-jato, que desmontou, em conluio com os criminosos da imprensa e do poder a Operação Lava-Jato, foi recebido no Palácio da Alvorada.

Sim, meus caros e caras, o presidente da República, em pleno exercício de suas funções, recebeu um criminoso nas dependências da residência oficial do governo para, segundo a revista, tratar de urnas eletrônicas e eleições. Não entendeu? Desenho: Bolsonaro agora mantém relações institucionais com hackers criminosos!

O que quer o ex-brother de miliciano, agora brother de criminoso digital, só ele e sua turma de parceiros do crime podem dizer, mas a Veja diz tratar-se de mais um ataque contra o processo eleitoral brasileiro. Será que o maníaco do tratamento precoce tentará invadir o sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)? Não duvido.

Bolsonaro já condecorou um assassino de aluguel. Foi no tempo em que suas companhias eram milicianos. A revolução digital, ao que parece, atingiu também o mundo do crime, e o 'mito' baixou uma atualização necessária de software em suas seletas amizades. Eis o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos 2.0 - em nome de Jesus, é claro!

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação