Investigação

Moraes manda PF identificar grupo 'Caçadores de Ratos do STF' no Telegram

Grupo foi descoberto após perícia no celular de Ivan Rejane — preso por ameaçar os ministros da Corte

Luana Patriolino
postado em 22/08/2022 16:00 / atualizado em 22/08/2022 16:02
 (crédito: Abdias Pinheiro/Secom/TSE)
(crédito: Abdias Pinheiro/Secom/TSE)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou, nesta segunda-feira (22/8), que a Polícia Federal identifique os membros de um grupo do Telegram chamado "Caçadores de Ratos do STF". A corporação tem até 15 dias para apresentar um relatório à Corte com os nomes dos responsáveis. Entre os participantes do grupo estava Ivan Rejane Fonte Boa Pinto — preso em julho, em Belo Horizonte (MG), por ameaçar os magistrados do STF.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo tinha 159 participantes. A Polícia também deverá analisar o teor das mensagens trocadas na plataforma. O material foi descoberto após a PF apreender o celular e o computador de Ivan Rejane.

A investigação apontou que ele participava de grupos e listas de transmissão nas quais interagia com outros apoiadores, tendo a "intenção de potencializar o compartilhamento dos vídeos, imagens e textos produzidos, na maioria das vezes, com conteúdo criminoso, proferindo ofensas, intimidações, ameaças e imputando fatos criminosos a ministros do STF e integrantes de partidos políticos à esquerda do espectro ideológico".

Moraes acatou a recomendação para identificar os participantes.

Os elementos de prova reunidos até o momento “demonstram uma possível organização criminosa que tem por um de seus fins desestabilizar as instituições republicanas, principalmente aquelas que possam contrapor-se de forma constitucionalmente prevista a atos ilegais ou inconstitucionais, como o
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, utilizando-se de uma rede virtual de apoiadores que atuam, de forma sistemática, para criar ou compartilhar mensagens que tenham por mote final a derrubada da estrutura democrática e o Estado de Direito no Brasil, de modo que a identificação das pessoas que compartilhavam o mesmo grupo com o investigado, IVAN REJANE FONTE BOA PINTO, além do teor das mensagens trocadas, é imprescindível para a completa elucidação dos fatos em apuração", escreveu o magistrado.

"Diante do exposto, acolho a manifestação da Procuradoria-Geral da República e DETERMINO sejam os autos encaminhados ao Delegado de Polícia Federal Fábio Alvarez Shor para que, no prazo de 15 (quinze) dias, realize a análise do teor de mensagens trocadas e identifique todos os integrantes do grupo no Telegram 'Caçadores de ratos do STF'", determinou.

Prisão por ameaças

Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, 46 anos, publicou um vídeo nas redes sociais intitulado “7 de Setembro de 2022”. Além de ameaçar os ministros do STF, ele disse ainda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve andar “armado até o talo” porque o homem e a direita “vão caçar ele e Gleisi Hofmann”. Ele também ameaçou o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ) e disse que os integrantes do Supremo devem sair do Brasil, “principalmente, esses vagabundos do STF”.

“Se eu fosse você, Barroso, Fachin, Fux, Moraes, Lewandowski, Mendes, eu ficava [sic] nos Estados Unidos, na Europa, em Portugal. Até Cármen Lúcia, Rosa Weber. Sumam do Brasil! Nós vamos pendurar vocês de cabeça para baixo [...] Nós, brasileiros, cidadãos de bens [sic], não toleramos”, disse em um trecho do vídeo, seguido de uma sequência de palavrões.

Ivan foi candidato a vereador em Belo Horizonte em 2020 e teve 189 votos. Ele se apresenta como "terapeuta" para dependentes químicos e mantém um canal no YouTube. No entanto, seus vídeos são repletos de xingamentos e ofensas a políticos de esquerda, a quem ele associa a existência do narcotráfico, e aos ministros do Supremo, que, segundo ele, "mandam soltar esses vagabundos".

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