ELEIÇÕES 2022

Interlocutores do governo temem isolamento de Bolsonaro em viagem a Londres

Nos bastidores do governo, há a preocupação de que imagens de um possível isolamento durante a viagem para acompanhar o funeral da rainha Elizabeth II poderiam dar munição para a campanha de Lula

Correio Braziliense
postado em 13/09/2022 03:55
 (crédito: Cleber Caetano/PR)
(crédito: Cleber Caetano/PR)

A viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) a Londres, para o funeral da rainha Elizabeth II, está sendo vista por setores do governo como uma manobra arriscada. Apesar de o objetivo da ida à cerimônia seja, como se comenta nos bastidores do governo, o de demostrar prestigio internacional — além de reunir imagens para serem usadas durante a campanha —, a preocupação é de que Bolsonaro fique isolado entre os chefes de Estado e de governo que estarão presentes.

Interlocutores do governo reconhecem que dificilmente o presidente será recebido na capital da Inglaterra com alguma deferência — estará incluído no protocolo que os britânicos dispensarão a todos os representantes dos países. Há ainda o temor de que, durante a cerimônia na Abadia de Westminster, ele seja colocado em uma posição de pouco destaque ou que circulem imagens nas quais os demais chefes de Estado e de governo lhe sejam indiferentes.

Tais fatores poderiam ser aproveitados pela campanha eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário na disputa pelo Palácio do Planalto — e a poucos dias do primeiro turno das eleições gerais. Isso daria mais munição ao petista, que frequentemente ataca a política externa de Bolsonaro e o acusa de levar o Brasil a uma posição de irrelevância no cenário internacional.

Ontem, em Brasília, o presidente deu um primeiro passo na busca de prestígio junto ao governo britânico: compareceu à embaixada do Reino Unido, em Brasília, para assinar o livro de condolências pela morte de Elizabeth II. Estava acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e do chanceler Carlos França, e ficou aproximadamente cinco minutos na representação. Quando da morte da monarca, decretou luto oficial de três dias e disse, por meio de nota, que ela foi "uma rainha para todos nós".

Nações Unidas

De Londres, Bolsonaro viaja para Nova York, onde participa da abertura da 77ª Assembleia Geral das Nações Unidas — em 20 de setembro. O discurso do presidente brasileiro tradicionalmente abre a conferência.

Para o evento, a expectativa é de que Bolsonaro se dirija, mesmo numa tribuna internacional, para seu próprio público, a fim de que as imagens e a exposição sejam divulgadas pelas redes sociais bolsonaristas e usadas pela campanha. Assim, é esperado que os temas do discurso sejam aqueles que ele sempre repisa quando nos palanques: críticas a uma suposta ameaça comunista a que o país esteve sujeito durante os governos do PT — e que desponta no horizonte sul-americano com as recentes eleições de governos de esquerda no Chile, na Bolívia e na Colômbia; a pujança das exportações do agronegócio brasileiro — com ênfase para o conceito de "celeiro do mundo" que vem desde o regime militar; a cobiça da Amazônia pelas principais potências mundiais e os esforços do atual governo para contê-la; além de questões relacionadas aos costumes — como aborto, rejeição da formação de famílias homoafetivas, educação conservadora e acusação à esquerda de ser favorável à liberação das drogas.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.