Eleições

D'Ávila diz que orçamento secreto é moeda de troca e Bolsonaro se aliou a mensaleiros

D'Ávila completou que a utilização de mecanismos como orçamento secreto e mensalão, "vem corroendo a credibilidade do Parlamento brasileiro"

Ingrid Soares
postado em 30/09/2022 00:59
 (crédito: Reprodução/Rede Globo)
(crédito: Reprodução/Rede Globo)

No segundo bloco do debate presidencial na Tv Globo, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL)  questionou Luiz Felipe D’Ávila (Novo) a respeito da relação com o Congresso. O chefe do Executivo afirmou ter "botado um ponto final no toma lá dá cá". "No passado, se entregava Ministérios, bancos, estatais, em troca de apoio no Parlamento. Essa prática tem que continuar sendo negada no futuro?", questionou.

Felipe D'Avila respondeu ser "intolerável qualquer tipo de esquema que tenha toma lá dá cá" e destacou que o orçamento secreto virou "moeda de troca". "É isso que acabou com a política brasileira. Infelizmente, e é triste dizer, que no seu governo também nós tivemos, o orçamento secreto, que o senhor vetou no começo, o senhor vetou, mas depois aprovou. E o orçamento secreto virou essa moeda, infelizmente, de troca"

O candidato do Novo ainda ressaltou que Bolsonaro se aliou a "ex-mensaleiros" para formar base política.

"E a segunda coisa que também me entristece, porque nunca acho bom falar essas coisas, é a questão dos aliados. Quando se começa a fazer uma base aliada com ex-mensaleiros, fica difícil governar. Eu sei a dificuldade de governar, eu compreendo, mas não pode ceder um milímetro. E aí eu gostaria de dar um exemplo do nosso governador Romeu Zema, em Minas Gerais. Governou o tempo inteiro sem fazer um único acordo. Governo limpo, impoluto, e conseguiu fazer andar o Estado. Atraiu 280 bilhões de reais em investimento, saneou as contas do Estado sem fazer nenhuma concessão infelizmente a essa ala podre".

Na tréplica, Bolsonaro alegou que não conseguiria governabilidade sem o grupo e negou responsabilidade sobre o orçamento secreto.

"Você sabe que o orçamento secreto não é meu, eu vetei. Depois, passou e virou uma realidade. Eu não indico um só centavo nesse dito orçamento secreto. Ele é totalmente administrado pelo relator, ou da Câmara, ou do Senado. Então não existe da minha parte qualquer conivência com esse orçamento. Quanto aos aliados, fala-se muito em centrão. Se tirar o centrão, sobram 200 deputados, como vai aprovar um simples projeto de lei se não tiver um acordo, um mínimo de urbanidade com eles? Me indique qual Ministério que eu dei em troca de apoio parlamentar? Tem lá o Ciro Nogueira, que é um cargo político, que faz contato com o parlamento. Os raros parlamentares, como a Tereza Cristina, não têm, não foi em troca de apoio parlamentar. Não existe no meu governo troca de Ministério, estatais ou bancos oficiais com apoio parlamentar", disse.

D'Ávila completou que a utilização de mecanismos como orçamento secreto e mensalão, "vem corroendo a credibilidade do Parlamento brasileiro". "Vem desgastando a democracia brasileira. Nós precisamos fazer um governo ético no Brasil. Nós precisamos fazer um governo correto, no sentido de respeitar sempre a honestidade. Não dá para adiantar reformas em um Brasil quando a gente cede para esses picaretas", concluiu.



Último confronto antes do primeiro turno



Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Padre Kelmon (PTB), Felipe D’Ávila (Novo), Lula (PT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União) participam, nesta quinta-feira (29/9), do último debate entre os candidatos à presidência da República antes do primeiro turno, no domingo (2/10).

A Rede Globo convidou para o debate os postulantes de partidos com pelo menos cinco parlamentares no Congresso Nacional. O debate é mediado pelo jornalista William Bonner e será dividido em quatro blocos, todos com confrontos diretos entre os presidenciáveis. Ao final do quarto bloco, cada candidato fará suas considerações finais.

 

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