ELEIÇÕES 2022

No Nordeste, Bolsonaro volta a dizer que Lula "vai voltar para a cadeia"

No Nordeste, região em que perdeu para Lula no primeiro turno, presidente afirma que petista não ganhará o pleito e aposta no retorno do adversário à prisão. Chefe do Executivo promete redução da maioridade penal

Ingrid Soares
postado em 14/10/2022 03:55
 (crédito:  MATEUS LACERDA/ESTADÃO CONTEÚDO)
(crédito: MATEUS LACERDA/ESTADÃO CONTEÚDO)

Na primeira agenda em solo nordestino após o primeiro turno, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não se intimidou por estar num reduto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e subiu o tom contra o petista. Disse que o adversário "vai voltar para a cadeia".

"Vocês sabem que no próximo dia 30 temos um encontro com as urnas. De um lado, um presidente que é pelo livre mercado. Do outro lado, um presidente que é pelo Estado, opressor, corrupto. Do lado de cá, tem um presidente que preserva a vida desde a sua concepção", afirmou, durante comício no Recife. O público reagiu com coro de "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão".

Bolsonaro tenta tirar votos do ex-presidente na região em que o petista venceu o primeiro turno em todos os estados. Ele ironizou dizendo que o adversário teve a maioria dos votos de presidiários e que, se dependesse exclusivamente dos detentos, Lula "teria ganhado disparado no primeiro turno". "Ele vai voltar para a cadeia, sim, lugar de ladrão é na cadeia. Teve a sua chance de mostrar para o Brasil e para o mundo como seria a administração do país sem corrupção, optou pelo caminho errado. Não vai ganhar no dia 30 de outubro", ressaltou, de cima de um carro de som.

O presidente tentou demonstrar ligação com a região ao afirmar que a primeira-dama Michelle Bolsonaro é "filha de um cabra da peste". "Boa tarde, meu Nordeste. Aqueles que falam que eu não gosto de nordestino, fiquem sabendo que a minha princesa, dona Michelle, é filha de um cabra da peste", destacou. "Sou apaixonado por uma nordestina, e a minha filha, em suas veias, corre sangue de cabra da peste. Não adianta rotular." Na semana passada, o presidente creditou ao analfabetismo a vitória de Lula na região no primeiro turno.

O chefe do Executivo prometeu dar continuidade ao benefício de R$ 600. "Aqueles que falam que eu vou acabar com o Auxílio Brasil, é mentira. Eles estão com ciúmes, porque pagavam uma importância irrisória para o povo brasileiro", argumentou.

Ele informou que, ainda nesta semana, assinará duas portarias autorizando a construção de eólicas na costa do Nordeste para a produção de energia limpa. "Ou seja, o Nordeste, em pouco tempo, passará a exportar energia verde para o mundo todo, além de reindustrializar o seu parque aqui nos nove estados. O Brasil está condenado a dar certo."

Ainda no Recife, em agenda com pastores, Bolsonaro rebateu a promessa de Lula de que, com a melhora da economia em seu eventual governo, a população voltará a comer picanha.

"Segundo a Abras (Associação Brasileira de Supermercados), nos últimos 30 dias, o preço da cesta básica caiu, em média, 10%, com percentual maior para laticínios. Está caindo o preço da carne também. Ninguém precisa aqui acreditar numa promessa de picanha, é pensar que o povo é idiota, é tratar com maldade o povo brasileiro", criticou.

Ele reconheceu haver fome no país, mas sustentou que Lula, a quem chamou de "encantador de serpentes", "trabalha os números" para cima.

O presidente também se referiu a Lula como "assassino de crianças no ventre da mãe" ao comentar sobre aborto. "Não queremos, pela nossa salvação, eu como cristão, nós como cristãos, não queremos o aborto. O outro lado, diz o Lula que aborto é questão de saúde pública: não quer, arranca como se fosse um dente cariado", disparou. "Para eles, um feto, uma criança no ventre da mãe e um dente cariado são a mesma coisa. Assassino de crianças no ventre da mãe. E o que eles falam? Chamam os outros do que eles são. Nós sabemos essa velha máxima deles", completou. Lula afirmou, porém, ser contrário ao aborto e que cabe ao Congresso o "papel" de discutir mudanças na legislação sobre o tema.

Sobre a pandemia, o presidente frisou que "houve uma certa neurose, faltou a liberdade para discutirmos a melhor maneira para tratar a questão da covid". "E nós compramos, para que ninguém reclame, 500 milhões de doses de vacina e aplicamos de forma voluntária", enfatizou.

Menores infratores

Já em coletiva de imprensa, Bolsonaro disse que, caso reeleito, reduzirá a maioridade penal de 18 anos, prevista na Constituição, para 16 anos.

"O Congresso eleito atualmente foi muito mais a centro-direita. Então, pautas como a redução da maioridade penal, obviamente, caso seja reeleito, nós implementaremos. Podemos dizer sim. Temos muita chance de aprovar a redução da maioridade penal. Então, a molecada que rouba celular para tomar uma cervejinha... vai acabar essa mamata", destacou.

No Brasil, jovens a partir dos 12 anos podem responder por atos infracionais, no entanto, seguindo uma linha socioeducativa. Logo, os menores de 18 anos ficam sob as regras estabelecidas no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Bolsonaro aproveitou para anunciar que vai desonerar a folha de pagamento da saúde no país e relatou ter conversado com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o assunto. A medida tenta custear o pagamento do piso da enfermagem, suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por falta de uma fonte de recursos para viabilizá-la.

"De vez em quando, acerto quando dou palpite na economia. Reservado, eu e o Paulo Guedes, eu levo o que penso para ele. Eu mandei, coisa rara, e pedi para ele desonerar a folha da saúde no Brasil. São 17 setores que já estão desonerados, e ele falou que eu poderia anunciar a desoneração", disse, sob aplausos.

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