GOLPE MILITAR DE 1964

Militares que comemorarem golpe de 1964 poderão ser punidos pelo Exército

O Exército decidiu se manter em silêncio sobre o aniversário do golpe militar de 1964. Na gestão do ex-presidente Bolsonaro, havia estímulo para a celebração da data

Correio Braziliense
postado em 31/03/2023 11:26
 (crédito: Ricardo Stuckert/PR)
(crédito: Ricardo Stuckert/PR)

Nesta sexta-feira (31/3), fazem 59 anos do golpe de Estado que instalou a ditadura militar no Brasil, em 1964. Nos últimos quatro anos, a comemoração do ato tirano foi estimulado durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Agora, o comandante do Exército, general Tomás Paiva, disse a interlocutores que os oficiais que celebrarem a data poderão ser punidos. 

Segundo a Folha de S.Paulo, o Exército está preocupado com o movimento organizado pelos reservistas, no Rio de Janeiro, com o tema "Movimento democrático de 1964". Generais ouvidos pelo jornal paulista contaram que a presença de militares da ativa não é rara nessas ocasiões.

O Exército, em diálogo com o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes da Marinha, Marcos Olsen, e da Aeronáutica, Marcelo Damasceno, decidiu se manter em silêncio sobre a data de aniversário do golpe militar de 1964, com o objetivo de evitar desgastes e conflito com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, comentou sobre a orientação do comandante do Exército. "Em sinal de novos tempos, Exército avisa que vai punir quem comemorar golpe de 64. Ignorar a data entre os militares da ativa é 1º passo para que daqui a alguns anos não tenhamos que assistir o Clube Militar, onde estão os da reserva, fazendo almoço pró-golpe", escreveu no Twitter.

Em contrapartida, o ex-vice-presidente e senador (Republicanos-RS) Hamilton Mourão ainda se refere ao ano de 1964 como revolução, e não golpe. "Ao contrário dos que insistem em tirar o 31 de março do seu lugar — que é a história —, os militares aprenderam com ela. A revolução que se iniciou por causa de um problema militar, a indisciplina e a subversão nos quartéis, terminou com a grande contribuição militar para a estabilidade política do país: a despolitização das Forças Armadas, a estruturação de sua doutrina de preparo e emprego e a profissionalização dos seus quadros", escreveu Mourão, em artigo publicado no Correio, nesta sexta.

No ano passado, o Ministério Público Federal (MPF), pediu para que a Justiça do Distrito Federal retirasse do ar a nota publicada pelo Ministério da Defesa que exaltava a ditadura militar. O material afirmava que o golpe de 1964 é "marco histórico da evolução política brasileira" e “fortalecimento da democracia”. À época, o ministro que comandava a pasta era o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.

Ditadura Militar

O golpe de Estado no Brasil em 1964 foi a deposição do então presidente brasileiro, democraticamente eleito, João Goulart. O ato ilegal marcou o início da ditadura militar no país — que se estendeu por 21 anos. De caráter autoritário e nacionalista, o sistema impunha censura sobre a produção cultural e intelectual do país. O Congresso Nacional também foi fechado.

A ditadura brasileira ainda ficou fortemente marcada pelo grande número de mortos, torturados e perseguidos contrários ao governo ilegítimo. Outro fato importante sobre o período foi o aumento da corrupção, uma vez que não havia liberdade para investigar os atos do Executivo. A desigualdade social também disparou, assim como índices da economia como a dívida externa, por exemplo.

 

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