RELAÇÕES EXTERIORES

Viagem de Lula à China será pautada pela busca por investimentos no Brasil

O petista também terá como missão resgatar os laços entre os dois países, enfraquecidos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

Luana Patriolino
postado em 10/04/2023 03:30
Lula com o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao -  (crédito:  Ricardo Stuckert/PR)
Lula com o embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca em viagem para a China, amanhã, para uma série de compromissos diplomáticos. Ele terá uma extensa agenda a partir de quarta-feira, incluindo uma reunião com o presidente chinês, Xi Jinping, para discutir sobre novos investimentos no Brasil. O petista também terá como missão resgatar os laços entre os dois países, enfraquecidos durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A visita de Estado ao maior parceiro comercial do Brasil ocorre em um momento de reconstrução de pontes da política externa do terceiro mandato de Lula.

O mal-estar com os chineses na gestão anterior iniciou após uma série de críticas do ex-presidente e declarações postadas nas redes sociais do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que além de ter dito que o país escondeu informações, responsabilizou o governo asiático pela pandemia de covid-19.

Um possível rompimento com a China teria forte impacto na economia brasileira, pois, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), há mais de uma década o país é o maior parceiro comercial do Brasil. Os dados de 2022 apontam que, dentre as 27 unidades da federação, 14 têm a nação asiática como principal destino das exportações.

A previsão era de que a viagem do presidente à China acontecesse em 24 de março. Lula adiou a agenda devido ao diagnóstico de pneumonia. Agora, com a confirmação de ida, ele ficará apenas quatro dias no país. O retorno da delegação brasileira está previsto para 15 de abril.

Guerra na Ucrânia

Em conversas com jornalistas na última semana, o chefe do Planalto afirmou que pretende convencer o governo chinês de trazer novos investimentos para o Brasil, bem como discutir a possibilidade de o país dialogar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pelo fim da Guerra na Ucrânia. "Nós não concordamos com a invasão da Rússia à Ucrânia. Estou convencido que tanto a Ucrânia quanto a Rússia estão esperando que alguém de fora fale: vamos sentar para conversar", disse, na ocasião.

Na avaliação do cientista político Leonardo Queiroz Leite, doutor em administração pública e governo pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), a ida de Lula marcará uma retomada dos laços mais fortes do Brasil com a China.

"A retórica de Bolsonaro de confrontar o país de modo ideológico é completamente fora de propósito do campo da política externa, porque ela serve para proteger os interesses dos países, acima de qualquer ideologia. Então, nesse ponto, o Lula é muito mais pragmático e vai fechar muitos acordos importantes em áreas vitais para o Brasil, como, por exemplo, questões da tecnologia", apontou.

Leite também destacou a presença da ex-presidente Dilma Rousseff na viagem que, agora, está no comando do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), também conhecido como Banco do Brics. "Isso fortalece a posição do Brasil dentro desse grupo de nações em desenvolvimento, que atua como uma coalizão de países que pode ter um peso pelo seu papel no mundo em desenvolvimento", afirmou.

O analista político Melillo Dinis apontou a importância da parceria comercial e os acordos bilaterais entre as nações. "A China é o país mais importante para o Brasil em termos de exportação. Mas ainda não tem o mesmo nível de relacionamento comercial e de investimentos que outros países menores que o Brasil. Assim, além de estabelecer melhores relações, tanto bilaterais como em organismos como o Brics, a viagem irá adotar muitos acordos e negociações de maior presença", ressaltou.

Comitiva

O presidente Lula viaja em meio a uma delegação formada por parlamentares, assessores, ministros de Estado e outras autoridades. O presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também acompanhará a missão oficial. Com isso, ele adiou a sessão que seria realizada a leitura de requerimento da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas do 8 de janeiro, organizada por deputados de oposição.

Por outro lado, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não vai integrar a delegação. Ele alegou que cancelou a participação por estar se recuperando de uma cirurgia de hérnia umbilical. Na Casa, ele retoma as votações da semana e aguarda o envio, até sexta-feira, do texto sobre arcabouço fiscal.

O líder da bancada do Podemos, deputado Fabio Macedo (MA), é um dos convidados pelo presidente da República a compor a comitiva Brasil-China. Ele é o único parlamentar maranhense a integrar o grupo e afirmou que vai levar as demandas do Maranhão, a fim de ampliar os investimentos do país asiático no estado. "Na pauta dos encontros, está o fortalecimento das relações comerciais com a China, com foco no setor industrial e do agronegócio, transição energética e segurança alimentar", disse ao Correio.

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