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Anielle sobre agressão a entregador no Rio: "Sabemos o que é o racismo diário"

Motoboy Max Angelo aparece em vídeo sendo chicoteado com uma coleira de cachorro pela ex-jogadora de vôlei Sandra Mathias Correia de Sá. A ministra garantiu ao Correio que que aquele que cometer ato de racismo será punido dentro da lei

Isabel Dourado*
postado em 14/04/2023 17:44 / atualizado em 14/04/2023 17:51
 (crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press)
(crédito: Mariana Lins/Esp.CB/D.A Press)

Ao comentar o caso do entregador Max Angelo dos Santos, que aparece em vídeo recebendo chicotadas e sofrendo injúria racial da ex-atleta Sandra Mathias Correia de Sá, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse que "pessoas racistas serão colocadas nos seus lugares de racistas quando forem racistas". As imagens da agressão foram registradas na Zona Sul do Rio de Janeiro.

“Sabemos o que é o racismo diário. É por isso que, para além de notificarmos os órgãos competentes, eu acredito que a gente tem que começar a fazer um trabalho importantíssimo e imprescindível de comunicação, de alerta, para as pessoas começarem a entender que a lei de injúria racial existe. Se você cometer algum ato de racismo, você será punido dentro daquela lei”, afirmou em entrevista aos jornalistas Carlos Alexandre de Souza e Rosane Garcia, na edição desta sexta-feira (14/4) do CB.Poder, parceria entre o Correio e a TV Brasília.

“Sabemos que talvez não seja nesses 4 anos que a gente consiga acabar de vez e aniquilar o racismo. Mas eu acho que são passos importantes, como, por exemplo, se posicionar contra qualquer atitude racista. (É preciso) Entender que pessoas racistas serão colocadas nos seus lugares de racistas quando forem racistas”, afirmou.

Anielle também disse, durante a entrevista, que não basta falar sobre o racismo se não há garantia de educação, cultura e saúde para a população preta. “É um trabalho conjunto, um caminho de mão dupla. E mesmo sabendo da importância, da responsabilidade de estar ali, eu sigo muito firme e incansável para que a gente possa não ter situações como essa ou mesmo como à da professora no Sul que, infelizmente, teve que tirar suas roupas dentro do mercado quando estava sendo perseguida para comprovar que não estava roubando”, comentou, fazendo referência ao caso ocorrido recentemente em Curitiba no Supermercado Atacadão, do Grupo Carrefour

Letramento racial

Algumas das iniciativas citadas pela ministra para combater o racismo são o letramento racial e a divulgação da lei de injúria racial. E destacou ainda a necessidade de se fazer um trabalho conjunto com outros ministérios em paralelo com os órgãos competentes.

“A gente não fala sobre o desconhecimento ideológico do racismo. Isso é um conceito da sociedade que está muito entranhado, tanto esse quanto o racismo estrutural, institucional, pessoal. É por isso que a gente não consegue avançar. Instâncias que deveriam se posicionar, que deveriam estar ali muito mais firmes combatendo, mostrando 'olha, o racismo não é aceitável', muitas vezes se calam porque nosso racismo nas estruturas existe, e continua acontecendo”, apontou.

A ministra ressaltou ainda a importância de políticas públicas efetivas e do apoio da sociedade no combate ao racismo sofrido no país. “Quanto mais nós pudermos noticiar e manter uma comunicação antirracista, demonstrando o que é certo e o que não é, trazendo a população negra também, os fatos concretos e onde se pode ir quando acontecer o racismo, acho que mais a gente vai conseguir avançar. Quando acontecer (o crime) tem que ter punição, tem que ser noticiado, notificado, mas, para isso, são necessárias políticas públicas eficazes e também um apoio da sociedade como um todo.”

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

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