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Lula volta a criticar juros e diz que Brasil saiu do "obscurantismo"

Lula também criticou a privatização da Eletrobras e conclamou os empresários de Brasil e Portugal a firmarem parcerias para gerar emprego e renda nos dois países

Vicente Nunes - Correspondente
postado em 24/04/2023 08:25 / atualizado em 24/04/2023 08:28
"Temos estabilidade política, social e política. Temos credibilidade, mas não vamos mais vender patrimônio público", disse Lula - (crédito: Ricardo Stuckert/PR )

Lisboa — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou um seminário com empresários brasileiros e portugueses, em Matosinhos, norte de Portugal, para mandar recados políticos e exaltar feitos de seus dois governos anteriores. Criticou a taxa básica de juros (Selic), de 13,75% ao ano, definida pelo Banco Central. "Ninguém consegue emprestar dinheiro (para investimentos) com essa taxa." Afirmou ser uma "desfaçatez" a privatização da Eletrobras, cuja primeira medida, depois de vendida, foi “aumentar os salários dos diretores de R$ 60 mil para R$ 300 mil por mês”. E ressaltou que, depois de seis anos, o Brasil saiu do “obscurantismo” para reconstruir políticas sociais, cujo desmonte recolocou o Brasil no mapa da fome.

Lula conclamou os empresários de Brasil e Portugal a firmarem parcerias para gerar emprego e renda nos dois países. Garantiu que a economia brasileira conta com importantes pilares para atrair investimentos. “Temos estabilidade política, social e política. Temos credibilidade, mas não vamos mais vender patrimônio público”, assinalou. No entender dele, é por meio dos investimentos que se poderá aumentar a produção local e não se precisará importar produtos da China, numa referência à guerra que o governo enfrenta em torno da proposta de taxação de compras on-line de até US$ 50.

O líder brasileiro, que foi aplaudido de pé, fez questão de citar, nome por nome, deputados e senadores que integram sua comitiva a Portugal. “Estamos fazendo democracia da forma mais plural que podemos fazer”, frisou. Acrescentou que está confiante no apoio necessário do Congresso para a aprovação de medidas de interesse do governo. Os dois principais projetos são o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária. “Esses dias me perguntaram qual o tamanho da base do governo no Congresso. Respondi que temos 513 deputados e 81 senadores. Vamos ver o que vai acontecer com as votações”, contou.

Polo de exportação

No entender de Lula, os empresários brasileiros não podem perder a oportunidade de se fixarem em Portugal, que pode se tornar um polo de exportação para a Europa. A Embraer está à frente nesse sentido, ao assinar nesta segunda-feira (24-04) acordo com a portuguesa Ogma para a produção e manutenção dos aviões de defesa A-29 Super Tucano. O foco será a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Essa parceria também resultou na compra, pela Força Aérea Portuguesa, dos cargueiros KC-390, cuja primeira unidade levou Lula e o primeiro-ministro, António Costa, de Matosinhos para Lisboa.

No discurso, Lula desafiou a si e o primeiro-ministro português a elevarem a corrente anual de comércio entre Brasil e Portugal dos atuais US$ 5,3 bilhões para US$ 10 bilhões até o final de seus mandatos. Há, segundo o presidente, oportunidades em setores como energia renováveis, tecnologia da informação, aeroespacial, saúde e mobilidade urbana, sempre com prioridade para o desenvolvimento com inclusão social e sustentável. “O Brasil quer parceria, não hegemonia”, afirmou.

Para Lula, depois dos primeiros três meses de seu governo, o Brasil está preparado para decolar. “Remontamos todas as políticas sociais. Incluímos novamente o povo no Orçamento”, ressaltou. Ele destacou que, como presidente, está viajando pelo mundo para mostrar as oportunidades que o país oferece, ao contrário do que ocorreu nos últimos seis anos, “em que o Brasil não queria falar com ninguém e ninguém queria falar com o Brasil”. Encerrou a sua fala sem tocar no nome da Ucrânia, ciente de que as recentes declarações sobre aquela nação lhe renderam críticas em todo o mundo. “Estou tentando parar de falar em guerra para construir a paz”, limitou-se a dizer.

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