Diplomata confirma interesse do rei Charles III em visitar o Brasil

Informação foi dada pelo diplomata Antônio Patriota na sabatina da Comissão de Relações Exteriores do Senado, que avalia a designação de novos embaixadores. Na ocasião, ele também falou das relações comerciais entre Brasil e Reino Unido e Guerra na Ucrânia

Vinicius Doria

postado em 18/05/2023 14:37 / atualizado em 18/05/2023 15:33

(crédito: Senado Federal)

O diplomata Antônio Patriota, designado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comandar a Embaixada no Reino Unido, informou, nesta quinta-feira (18/5), que recebeu da diplomacia britânica informações sobre o interesse do rei Charles III e do primeiro-ministro, Rishi Sunak, de agendar visitas oficiais ao Brasil ainda neste ano. Ele submeteu-se à sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado (CRE), um procedimento obrigatório para que possa ocupar o cargo.

Segundo Patriota, atual embaixador do Brasil no Egito, se as agendas dos chefes de Estado e de governo do Reino Unido se confirmarem, “não será um fato trivial”. “A última visita de um primeiro-ministro britânico ao Brasil foi de Gordon Brown, em 2009, último ano em que o Partido Trabalhista britânico ocupou o poder. A partir de 2010, o poder está nas mãos do Partido Conservador, com cinco primeiros-ministros sucessivos, sem que nenhum dos quais tenha visitado o Brasil até agora.”

• Rei Charles III terá desafio de modernizar a monarquia e atrair jovens
• "Deus Salve o rei": Charles III é coroado em cerimônia histórica
• Lula desembarca em Londres para coroação de Charles III

Sobre a intenção do rei Charles III, a se concretizar, seria a primeira visita de um monarca britânico em seis décadas, desde a vinda da rainha Elizabeth II, na década de 1960.

Patriota destacou a importância da representação brasileira em Londres, principal país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Europa, no momento em que o continente europeu enfrenta uma grave crise decorrente da invasão russa à Ucrânia. Lembrou que o Reino Unido é membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e “apoia o Brasil no seu pleito de integrar o conselho ampliado como membro permanente”.

“A possibilidade de intercambiar análises e percepções sobre o conflito na Ucrânia e as tensões geopolíticas do momento atual não deve ser desperdiçada. O Reino Unido, nesse âmbito, é um interlocutor incontornável”, avaliou o diplomata.

Outros temas que Patriota elencou na sabatina foram investimentos e interesses comuns na agenda ambiental. O Reino Unido é o sexto maior investidor no Brasil e 23º parceiro comercial do Brasil. Mas admitiu que, com a saída do Reino Unido da União Europeia, com o Brexit, a expectativa que havia de que os dois países pudessem avançar em acordos bilaterais de comércio não avançou. “Não está no radar de um futuro próximo, em vista de certa resistência do Reino Unido.”

Patriota também apontou o problema das relações com o Mercosul decorrentes da presença da Argentina, que ainda não normalizou suas relações diplomáticas com os ingleses desde a Guerra das Malvinas, há 40 anos. “Persiste um certo entrave, que, não obstante, não nos impedirá de negociar outras formas de aprimoramento do nosso relacionamento comercial”, sobretudo no campo das barreiras impostas aos produtos do agronegócio brasileiro.

Plenário

Além de Patriota, a CRE sabatinou, na manhã de hoje, os diplomatas designados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o comando das embaixadas do Brasil no Peru, Clemente Baena Soares; na Grécia, Paulo Roberto França; em Israel, Frederico Meyer; e junto aos organismos multilaterais OEA (Organização dos Esyados Americanos), Benoni Belli; e OMC (Organização Mundial do Comércio), Guilherme Patriota.

Após aprovação pela CRE, os indicados ainda serão submetidos à aprovação do plenário do Senado antes de assumirem os postos no exterior, em sessão que ainda será marcada pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).