O que é a Unasul, uma das pautas de Lula com presidentes em Brasília

Retorno do Brasil a União foi anunciado pelo governo em abril, por meio de decreto, e será um dos temas de discussão no encontro do presidente Lula com outros presidentes sul-americanos

Correio Braziliense

postado em 30/05/2023 13:24 / atualizado em 30/05/2023 13:25

(crédito: EVARISTO SÁ/AFP)

Fundada em 2008 a partir de um Tratado Constitutivo assinado pela Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela, a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) era um grupo de integração regional entre os países da América do Sul que tinha como principal objetivo criar parcerias entre os países, indo além da esfera econômica, para atingir outras áreas de interesse, como social, cultural, científico-tecnológica e política.

Contudo, a União foi alvo de críticas à época porque não tinham funções concretas e as ações pareciam redundantes mediante outros fóruns existentes. Foi por isso que ao longo dos anos vários países deixaram a Unasul incluindo o Brasil, que saiu em 2019 durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

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O Brasil só anunciou o retorno ao grupo em abril de 2023 — via publicação no Diário Oficial da União — como uma das novas medidas de política externa do Brasil sob o governo Lula, entretanto, a União só tinha cinco dos 12 integrantes originais: Bolívia, Guiana, Suriname, Venezuela e Peru, que está suspenso.

Histórico

É importante destacar que, para eleger o presidente do grupo, os países membros indicam pessoas para o cargo que seguem no comando por um ano e são trocados de forma rotativa seguindo a ordem alfabética dos nomes dos países.

Essa troca na presidência foi um dos maiores impasses encontrados na história da Unasul. Em 2017, a Venezuela, apoiada pela Bolívia, vetou o nome indicado pela Argentina para assumir a secretaria-geral, o que paralisou, em parte, as atividades deles.

Em abril de 2018 houveram disputas sobre o rumo do grupo ocasionando as saídas de Brasil, Peru, Paraguai, Colômbia e Chile.

A crise na Unasul também estava pautada pelas trocas que ocorreram nos governos desde 2008 até 2018, período em que muitos deixaram a União. Muitos dos países da América do Sul passaram por trocas de poderes significativas.

Vários países tinham governos de esquerda ou centro-esquerda quando a Unasul foi criada, entretanto, nos períodos mais conturbados da União, passaram a ter líderes políticos de direta ou centro-direita. O movimento ocorreu em países sul-americanos como Chile e Argentina e até mesmo o Brasil.

Retorno do Brasil

Atualmente, o bloco conta com cinco países: Bolívia, Guiana, Suriname, Venezuela e Peru, que está suspenso. Em 2023, Argentina e Brasil anunciaram o retomo a União e seguem no processo de reintegração.

A União é um dos temas do debate nesta terça-feira (30/5), entre os líderes da América do Sul, em reunião no Itamaraty para a primeira cúpula em oito anos e o retorno do Brasil indica uma aproximação com os outros países da América do Sul.

Lula abriu a cúpula defendendo a retomada da Unasul. "Lembremos que ela está em vigor, sete países ainda são membros plenos. É importante retomar seu processo de construção, mas ao fazê-lo, é essencial avaliar criticamente o que não funcionou e levar em conta transições”, disse. 

"Por mais de 10 anos, a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) permitiu que nos conhecêssemos melhor. Consolidamos nossos laços por meio de amplo diálogo político que acomodava diferenças e permitia identificar denominadores comuns. Implementamos iniciativas de cooperação em áreas como saúde, infraestrutura e defesa. Essa integração também contribuiu para ganhos comerciais importantes”, destacou Lula no encontro.