Investigação

CPMI do 8/1 aprova convocação de Mauro Cid, Anderson Torres e mais

Convocação do ex-chefe do GSI G. Dias foi rejeitada. A quebra de sigilo do cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) também foi aprovada pelo colegiado

Taísa Medeiros
postado em 13/06/2023 13:42
 (crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)
(crédito: ED ALVES/CB/D.A.Press)

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dedicada a investigar os atos golpistas do 8/1 nos Três Poderes, em Brasília, votou hoje (13/6) uma série de requerimentos de convocações, convites e quebras de sigilo. Entre os pedidos aprovados estão solicitações de informações e relatórios à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e convocações para depoimentos, como a do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, e do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid.

O requerimento para que o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias fosse ouvido foi o único a ser rejeitado.

Para tentar viabilizar a votação, os parlamentares apreciaram o pedido do deputado Filipe Barros (PL-PR) de que o item que pede a quebra de sigilo do cartão de vacina do ex-presidente Bolsonaro fosse votado em separado. O requerimento, no entanto, foi rejeitado por 20 votos contra e 11 a favor. Esse foi um dos pedidos de informação mais questionados pela oposição.

Conforme argumentaram os parlamentares, não há convergência temática entre o assunto investigado na CPMI e o requerimento em questão. “Não tem qualquer pertinência temática com o tema dessa CPI o requerimento sobre o cartão de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro”, argumentou o deputado Filipe Barros.

O caso se refere a um suposto esquema para inserir informações falsas sobre imunização no sistema do Ministério da Saúde. Em depoimento à Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro negou ter conhecimento do esquema e deixou na conta do ex-ajudante de ordens da Presidência, Mauro Cid, e dos outros presos na Operação Venire, desfechada em 3 de maio. O objetivo do esquema seria gerar documentos com informações forjadas para uma viagem aos Estados Unidos.

A base governista justificou que há relação entre todos os fatos públicos, e que há relevância em se investigar todo o processo que culminou nos atos do dia 8/1. “Foi a partir do cartão de vacinação, da análise da fraude, é que apareceram no celular do Mauro Cid todos os diálogos que estão sendo chamados de diálogos do golpe. E, a partir disso, foi aberto outro inquérito chamado de golpe de Estado”, justificou o deputado Rogério Correia (PT-MG).

Votação

A votação ocorreu em blocos. O caso do cartão de vacinação foi votado no último deles, o englobado pelo requerimento nº 922, que foi aprovado em votação simbólica. Além deste requerimento, foi apreciada a disponibilização dos alertas feitos pela Abin aos órgãos do governo federal sobre os riscos da manifestação. Foram aprovados nesse bloco também a convocação de Mauro Cid, de Anderson Torres e o pedido de acesso à íntegra das imagens das câmeras do Supremo Tribunal Federal (STF) do dia 8/1.

Já o bloco englobado pelo requerimento 920, que foi aprovado por 30 votos, convocou Mauro Cid, o ex-ministro General Braga Netto, o ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP), General Dutra, o ex-secretário Anderson Torres, E o ex-ministro do GSI Augusto Heleno, além de solicitar o compartilhamento de provas não sigilosas por parte do STF.

Por fim, o bloco representado pelo requerimento 921, convocou o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Gonçalves Dias, o ex-diretor-adjunto da Abin Saulo Moura da Cunha, e também solicitou o inteiro teor das imagens de todas as câmeras do circuito interno do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), do Congresso Nacional, Planalto, Supremo Tribunal Federal, Itamaraty, e seus respectivos anexos.

A orientação do governo foi não, e a oposição orientou sim. Em votação nominal, 20 parlamentares votaram “não” e 11 votaram “sim”. Esse foi o único bloco de requerimentos rejeitado. Foi aprovado apenas um requerimento para que fossem prestadas informações sobre a presença de G. Dias no 8/1.

Diante do clima hostil durante as votações, a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), deu um recado. “Não vou me intimidar por quem quer que seja. Vou continuar firme no meu objetivo. Apresentarei, ao final desta comissão, um relatório justo, que fará a transcrição do que realmente ocorreu. Quero rechaçar a posição de alguns parlamentares que tentam colocar em xeque minha postura”, disse, ao final da sessão.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação