Atos golpistas

Esposa de Cid é duplamente investigada por plano golpista

Relatórios da PF divulgados na sexta -feira apontam que Gabriela Cid articulava plano para afastar ministros do STF. Mensagens falavam em estratégias para a saída do ministro Alexandre de Moraes

Ândrea Malcher
postado em 18/06/2023 03:55
 (crédito: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
(crédito: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

A esposa do tenente-coronel, Mauro Cid, Gabriela Santiago Cid, foi incluída em uma segunda investigação da Polícia Federal (PF) na última sexta-feira. Depois de admitir ter usado um cartão de vacinação falso, ela teve o celular periciado e aparece no relatório da PF por conta de um suposto plano golpista que previa o afastamento de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), colocando o país sob intervenção militar.

O relatório, que teve o sigilo retirado pelo ministro Alexandre de Moraes, traz uma troca de mensagens posterior ao segundo turno das eleições entre Gabriela e Ticiana Villas Bôas, filha do general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército.

Na conversa, a esposa de Cid defende que seja realizado um novo pleito, com o uso do voto impresso. "Estamos diante de um momento tenso onde temos que pressionar o Congresso", escreveu ela. Ticiana sugere: "ou isso, ou a queda do Moraes". A saída de Moraes foi mencionada por Ticiana como uma maneira do STF dar uma "recuada". "Pq o que eles vão fazer é prender o pr… com base no inquérito das fake (news)", afirmou a filha do general, utilizando "pr" para se referir ao então presidente Jair Bolsonaro.

O documento da PF revelou que a tentativa de um golpe de estado era assunto aberto entre os mais próximos de Bolsonaro. Em mensagens, aliados debatiam um plano em oito etapas que previa a decretação de operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), levando militares às ruas e declarando estado de sítio no país.

O coronel de artilharia do Exército Jean Lawand Júnior, citado na investigação por cobrar Mauro Cid, em mensagens, para que o plano fosse executado teve convocação protocolada pela relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos do 8/1, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Lawand está alocado no Escritório de Projetos Estratégicos do Estado-Maior do Exército e é parte das Forças Armadas desde 1992. Ele ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ), onde Bolsonaro também serviu. Como militar da ativa, o coronel recebe a remuneração mensal de R$ 25,5 mil. Lawand assumiria um posto em Washington, nos Estados Unidos, em janeiro do próximo ano. Contudo, como revelou a revista Veja, o ministro da Defesa, José Múcio, não deve manter a decisão e avalia exonerar o militar. Lawand segue no Brasil.

 


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