STF

Zanin: "Não permitirei investidas perturbadoras à solidez da República"

Em seu discurso de abertura na sabatina do Senado, o advogado Cristiano Zanin, indicado de Lula ao STF, ressaltou a missão de garantir o Estado Democrático de Direito e a harmonia entre os Poderes

Taísa Medeiros
postado em 21/06/2023 11:12 / atualizado em 21/06/2023 11:22
 (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)
(crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

Teve início a sabatina do advogado Cristiano Zanin no Senado Federal nesta quarta-feira (21/6). Nas últimas semanas, o jurista indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) circulou pelos corredores da Casa Alta para garantir caminho aberto para receber o aval dos parlamentares, até mesmo de alguns dos opositores mais ferrenhos do Planalto.

Em seu discurso de abertura, que durou cerca de 30 minutos, o advogado ressaltou que, caso sua indicação seja aprovada pelos parlamentares, atuará ferrenhamente pela harmonia entre os Poderes e pela garantia do Estado Democrático de Direito. “Não permitirei investidas insurgentes e perturbadoras à solidez da República”, frisou.

Zanin foi indicado para substituir o ministro Ricardo Lewandowski, recentemente aposentado. Sobre Zanin, a principal crítica se baseava na possível falta de isenção atrelada ao fato de que o advogado representou o presidente nos julgamentos da Operação Lava-Jato e ganhou notoriedade ao conseguir decisões no STF pela suspeição do ex-juiz Sergio Moro e tornar seu cliente novamente elegível.

Elogios

A campanha de bastidores pelo aval a Zanin conseguiu reverter o quadro de rejeição ao advogado, que, nas últimas semanas, passou a colecionar elogios até mesmo dos quadros políticos mais ligados ao bolsonarismo. O ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP-PI), disse que a bancada de seu partido está liberada para votar como quiser e que, ele próprio, decidirá em favor da indicação de Lula.

“Tive a honra de conversar com muitas lideranças e bancadas, e também com muitas senadoras e senadores individualmente. Nessas oportunidades pude ouvir, aprender. Pude ouvir a voz do Congresso Nacional sobre temas como a pauta de costumes. A diversidade de pensamentos é o que nos une, é o que nos faz crescer”, disse Zanin, em sua abertura.

Zanin também rebateu críticas à sua atuação voltada ao direito empresarial e ao interesse privado. “Também há quem me classifique como advogado de luxo, pois defendi causas empresariais, e ainda me chamam de advogado de ofício, como se fosse um demérito injustificável”, alfinetou. “Sempre pautei minha atuação na iniciativa privada, seguindo as leis brasileiras sob a ótica da lisura, defender a democracia e o Estado Democrático de Direito. Sei a diferença dos papéis entre um advogado e um ministro do Supremo Tribunal Federal. Não vou mudar de lado, pois meu lado sempre foi o mesmo: o da Constituição, das garantias, do amplo processo de defesa. Para mim só existe um lado, o outro é barbárie, abuso de poder”, destacou.

Em um aceno às bases mais conservadoras do Senado Federal, Zanin reservou parte do seu discurso para falar sobre a importância da liberdade de expressão para a garantia da democracia — pauta cara aos parlamentares bolsonaristas, sucessivas vezes cerceados por conta de publicações que atentassem contra a democracia.

“Em uma democracia saudável a liberdade de expressão é fundamental para garantir a prestação de contas. A liberdade de expressão facilita o debate público e a troca de ideias. Afirmei o meu compromisso em atuar no Poder Judiciário como agente pacificador nos possíveis conflitos envolvendo os Poderes”, defendeu.

Perfil

Formado pela Pontifícia Universidade Católica de Sao Paulo (PUC-SP) em 1999, Zanin foi estagiário no Ministerio Publico e no Poder Judiciário de Sao Paulo. Atuou em diversos âmbitos do direito, como empresarial e falimentar, aeronáutico, marítimo, eleitoral e internacional. Também tem experiência na defesa de órgãos de mídia e em recuperação judicial.

 

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