CONGRESSO

Hacker diz que leu conversas privadas de Moro: "O senhor é um criminoso contumaz"

Troca de ofensas ocorreu durante oitiva de hacker, nesta quinta-feira (17/8), na CPMI do 8 de janeiro

Sergio Moro reagiu ao ser chamado de criminoso, ao que Delgatti pediu desculpas e retirou o que disse -  (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press - Marcos Oliveira/Agência Senado)
Sergio Moro reagiu ao ser chamado de criminoso, ao que Delgatti pediu desculpas e retirou o que disse - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press - Marcos Oliveira/Agência Senado)
Ândrea Malcher
postado em 17/08/2023 13:01 / atualizado em 17/08/2023 13:04

O hacker Walter Delgatti Neto chamou o senador Sergio Moro (União-PR) de "criminoso contumaz", nesta quinta-feira (17/8), durante questionamento do parlamentar na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos golpistas do 8 de janeiro.

"Relembrando que eu fui vítima de uma perseguição em Araraquara, inclusive equiparada à perseguição que vossa excelência fez com o presidente Lula, integrantes do PT. Ressaltando que eu li as conversas de vossa excelência, li a parte privada, e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz, que cometeu diversas irregularidades e crimes", disse Delgatti, após Moro ler uma "lista" de crimes de estelionato envolvendo cartões de crédito cometidos pelo depoente.

O hacker explicou, no começo da reunião, que teria sido vítima de uma armação. Segundo ele, um professor da faculdade de direito que cursava “era um promotor de Justiça da minha cidade e ele realizou uma busca em minha residência”.

"E, nessa busca, foram encontrados os medicamentos que eu tomo, que são de ansiedade — eu tenho TAG, que é ansiedade generalizada, e o TDAH, que me faz falar rápido e perder o foco. Nisso, houve uma prisão minha por tráfico de drogas, com esses medicamentos, uma prisão totalmente ilegal”, contou o hacker. “Eu não tive audiência de custódia. E, como o promotor era o professor, ele me buscou em sala de aula — a viatura da polícia. Nisso, eu fiquei seis meses preso por tráfico de drogas, num presídio com traficantes e assassinos, sendo que eu nunca usei droga na minha vida — eu não bebo. E fiquei preso como traficante”.

Ele resolveu, em 2017, invadir o aplicativo de mensagens Telegram do promotor responsável pela prisão, Marcel Zanin Bombardi, como uma forma de tentar provar sua inocência. “Eu fiquei por volta de dois anos tentando esse acesso ao Telegram. Assim que eu consegui, eu encontrei mensagens comprometedoras do promotor, e peguei também a agenda dele”.

“E nisso, eu continuei acessando o Telegram até chegar à Lava-Jato, e, quando eu vi as conversas da Lava Jato, eu vi que havia uma perseguição com o presidente Lula e pensei: o mesmo que acontece comigo aqui acontece com ele, e, de forma livre, espontânea, eu dei publicidade às conversas à época, que foi a Vaza Jato. Ressaltando que eu não recebi nada em troca por isso. E houve uma investigação, que é a Operação Spoofing, que comprovou que realmente não havia um mandante, que eu não recebi nada por isso”, explicou ele.

Sergio Moro reagiu ao ser chamado de criminoso, ao que Delgatti pediu desculpas e retirou o que disse. "O bandido aqui, senhor Walter, que foi preso aqui é o senhor. O senhor é inocente como o presidente Lula então?". "Solicito que haja respeito de ambas as partes", exigiu o vice-presidente do colegiado, deputado Cid Gomes (PDT-CE).

 
 
 
Ver essa foto no Instagram
 
 
 

Uma publicação compartilhada por Correio Braziliense (@correio.braziliense)

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação