A Polícia Federal (PF) quebrou as senhas dos quatro celulares de Frederick Wassef, um dos advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro, apreendidos na quarta-feira — o que possibilita o acesso às mensagens trocadas por ele nos aparelhos. Wassef não forneceu nenhuma das senhas ao entregar os celulares.
O advogado levava dois celulares e os outros dois foram encontrados no carro que dirigia — um veículo sem placa, que, aliás, estava parado em uma vaga para deficientes no estacionamento da churrascaria Barbacoa, no bairro paulistano do Morumbi, onde os agentes da PF o abordaram. Cumpriam um mandado de busca e apreensão contra Wassef e apreenderam, ainda, um carregador de pistola com munição.
A PF apreendeu os aparelhos após o advogado admitir que recomprou, nos Estados Unidos, um relógio Rolex que havia sido presenteado ao ex-presidente e vendido pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A atuação de Wassef foi no sentido de cumprir a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) para que Bolsonaro devolvesse alguns dos presentes que ganhou durante o mandato.
Inicialmente, Wassef negou que tenha feito parte de uma operação para resgatar o Rolex, que tinha sido vendido por Cid à Precision Watches, uma joalheria no estado norte-americano da Pensilvânia. Mas, diante da fartura de provas, teve de se desdizer.
"Comprei o relógio. A decisão foi minha. Usei meus recursos, tenho a origem lícita e legal dos meus recursos. Tenho conta aberta nos Estados Unidos, em um banco em Miami, e usei do meu dinheiro para pagar o relógio. Então, o meu objetivo quando comprei era exatamente para devolver à União, ao governo federal do Brasil, à Presidência da República", justificou Wassef, na terça-feira passada.
O advogado é um dos investigados por envolvimento no esquema de negociação de presentes da Presidência. Os itens teriam sido dados a Bolsonaro durante uma visita oficial à Arábia Saudita.
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