Nova gestão

Chegada de Lewandowski inaugura nova fase da Segurança Pública

Para especialistas do setor, a escolha do ministro aposentado do STF para comandar o Ministério da Justiça é um ponto positivo no combate ao crime organizado. Perfil diferente de Dino foi destacado por Lula

Ricardo Lewandowski substitui Flávio Dino no Ministério da Justiça com carta branca de Lula para montar equipe e comandar pasta. Especialistas elogiam nova gestão -  (crédito:  José Cruz/Agência Brasil)
Ricardo Lewandowski substitui Flávio Dino no Ministério da Justiça com carta branca de Lula para montar equipe e comandar pasta. Especialistas elogiam nova gestão - (crédito: José Cruz/Agência Brasil)
postado em 04/02/2024 04:05

A presença de Ricardo Lewandowski à frente do Ministério da Justiça foi recebida com entusiasmo e otimismo para os que acompanham de perto os problemas da segurança pública no país. A solenidade que marcou sua posse no cargo, na última semana, no Palácio do Planalto, foi prestigiada e ficou exposta a confiança e o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista o desejou muito no cargo e fez esse relato no seu discurso.

O "entrante", como o tratou o chefe do Planalto, tem um perfil distinto do "sainte", referência a Flávio Dino no seu pronunciamento. O novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STf) utilizando-se de uma metáfora, afirmou que, numa orquestra, prefere a percussão, gosta de fazer barulho. E que não interessa o instrumento de preferência de Lewandowski, mas que o resultado será efetivo dado o maestro da orquestra, o presidente da República.

Para os especialistas, essa diferença de estilos entre o que entra e o que sai não é o mais relevante. No entendimento do sociólogo Renato Sérgio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, importa a acolhida dada a Lewandowski e a atenção que o governo federal decidiu dar ao problema da segurança, diante da visibilidade dos ataques do crime organizado.

"Acompanho essas ações do governo desde 2000, quando trabalhei na Senasp [Secretaria Nacional de Segurança Pública], com o ex-ministro José Carlos Dias. Nesses 24 anos, é a primeira vez que vejo, de fato, a disposição do governo de agir de forma a assumir sua responsabilidade. Antes, com exceção de Jair Bolsonaro, e explico, todos os outros, deixavam a segurança com os governadores. É a primeira vez que percebo que há uma inflexão", afirmou.

"Jair Bolsonaro era o estilo do 'eu resolvo porque sou amigo das polícias'. Mas ele não fez absolutamente nada, exceto manter o sistema funcionando. Só que ele tinha a tal da narrativa", explicou.

Para o presidente do fórum, o que ocorre agora é que as pessoas tomaram consciência do impacto do crime organizado nas suas vidas. Lima aponta como a presença do crime hoje em espaços de poder, com nas Assembleias Legislativas, em corporações como polícias Civil e Militar. "Acho que, agora, o poder central e o Congresso Nacional perceberam que, se não atuarem, é grande a chance de perder a mão".

Novos rumos

O advogado Berlinque Cantelmo, especialista no tema, acredita que as primeiras manifestações de Lewandowski e de seu secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, demonstram disposição e seriedade para abordar a questão.

"Evitando propostas populistas e sem eficácia, como a eliminação das saídas temporárias de detentos, cuja extinção aumentaria a tensão nas prisões sem impactar as organizações criminosas, apontaram para uma direção significativa, que é a integração entre as forças policiais, a partilha de informações e uma abordagem inteligente contra o crime organizado", diz Cantelmo.

"É crucial estabelecer uma coordenação com a Polícia Federal, a troca de dados com o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), a Receita Federal, registros públicos e outros órgãos, além de implementar um sistema de comunicação que assegure a eficácia das investigações e a execução de mandados", afirmou.

Na avaliação de Cantelmo, o histórico de Lewandowski pode facilitar a colaboração entre o ministério e as instituições judiciais.

"Sua experiência e conexões no STF e em tribunais superiores podem agilizar parcerias, como a anunciada entre o TSE e o ministério para mapear ameaças à democracia. A relação estabelecida ao longo de sua carreira jurídica pode favorecer a cooperação interinstitucional, promovendo a eficiência na gestão de questões relacionadas à segurança pública", concluiu.

 

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