INVESTIGAÇÃO

Ex-ministro admitiu que Forças Armadas pretendiam "reeleger" Bolsonaro

Investigação da Polícia Federal aponta que o ex-presidente pretendia decretar um golpe de Estado no país. Paulo Sérgio Nogueira disse que militares pretendiam atuar no TSE para reeleger Bolsonaro

Paulo Sérgio Nogueira -  (crédito: Billy Boss/Câmara dos Deputados)
Paulo Sérgio Nogueira - (crédito: Billy Boss/Câmara dos Deputados)
postado em 08/02/2024 13:25

A Polícia Federal afirmou que o ex-ministro da Defesa e general da reserva do Exército Paulo Sérgio Nogueira admitiu que a finalidade da participação das Forças Armadas na comissão de transparência das eleições do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) era garantir a reeleição do ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo a investigação, a declaração teria sido dada durante reunião de teor golpista em julho de 2022.

“O ministro da Defesa faz uma imputação grave ao TSE, afirmando que a Comissão de Transparência Eleitoral seria ‘pra inglês ver’, constituindo um ‘ataque à Democracia’. Diz: ‘Vou falar aqui muito claro. Senhores! A comissão é pra inglês ver. Nunca essa comissão sentou numa mesa e discutiu uma proposta. É retórica, discurso, ataque à Democracia’”.

Durante a reunião, o então ministro da Defesa afirmou que os comandantes das Forças Armadas viam o TSE como “inimigo”.

“Ainda em sua fala Paulo Sérgio Nogueira demonstra que trata o Tribunal Superior Eleitoral como um inimigo. Em linguagem militar ele descreve a estratégia: ‘O que eu sinto nesse momento é apenas na linha de contato com o inimigo. Ou seja ... na guerra a gente … linha de contato, linha de partida. Eu vou romper aqui e iniciar minha operação. Eu vejo as Forças Armadas e o Ministério da Defesa nessa linha de contato. Nós temos que intensificar e ajudar nesse sentido pra que a gente não fique sozinhos no processo", diz trecho da decisão do STF que autorizou a operação desta manhã. 

Nogueira admitiu que a finalidade da participação das Forças Armadas na comissão de transparência das eleições, criada pelo TSE para reforçar a segurança das urnas eletrônicas brasileiras, era atuar para a reeleição de Bolsonaro.

“Por fim, o então Ministro da Defesa admite que a atuação das Forças Armadas para ‘garantir transparência, segurança, condições de auditoria’ nas eleições tinha a finalidade de reeleger o então presidente Jair Bolsonaro”, diz outro trecho. 

O relatório traz um trecho da conversa do ex-ministro. “Nós temos reuniões pela frente, decisivas pra gente ver o que pode ser feito; que ações poderão ser tomadas pra que a gente possa ter transparência, segurança, condições de auditoria e que as eleições se transcorram da forma como a gente sonha! E o senhor, com o que a gente vê no dia a dia, tenhamos o êxito de reelegê-lo e esse é o desejo de todos nós”, diz Nogueira.

A conversa consta no relatório da PF que embasou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para autorizar a Operação Tempus Veritatis, que cumpriu quatro mandados de prisão e 33 de busca e apreensão contra o núcleo político e militar do bolsonarismo.

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