Relações exteriores

G20: Mauro Vieira critica ‘inércia’ da ONU em resolver conflitos armados

Em discurso de abertura do encontro com chanceleres, o ministro disse que Conselho de Segurança da Organização não consegue avançar e ter "conversas produtivas"

O chanceler Mauro Vieira discursa na abertura da reunião de Ministros das Relações Exteriores do G20, no Rio de Janeiro.
 -  (crédito: Márcio Batista/MRE)
O chanceler Mauro Vieira discursa na abertura da reunião de Ministros das Relações Exteriores do G20, no Rio de Janeiro. - (crédito: Márcio Batista/MRE)
postado em 21/02/2024 18:24 / atualizado em 21/02/2024 22:51

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, criticou a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU) em relação à resolução de conflitos armados que se espalham pelo mundo, em especial envolvendo os russos na Ucrânia e os israelenses na Faixa de Gaza. A declaração foi dada na abertura da reunião do G20 com chanceleres dos países membros do grupo, que ocorreu nesta quarta-feira (21/21), no Rio de Janeiro.

“As instituições multilaterais do mundo, no entanto, não estão preparadas para lidar com os desafios atuais, como demonstrado pela inaceitável paralisia do Conselho de Segurança [da ONU] em relação aos conflitos em curso. Esse estado de inação implica diretamente em perda de vidas inocentes”, criticou o ministro.

Diante desse cenário, segundo Vieira, o G20, que reúne as maiores economias do mundo, tem prerrogativa para tratar sobre os conflitos e atuar na busca da paz. “As Nações Unidas foram criadas como a organização que deve lidar com as questões de paz e segurança. O G20, por sua vez, foi concebido como fórum privilegiado para discussões sobre questões financeiras e de desenvolvimento. Diante do quadro que vivemos, no entanto, este grupo [G20] é hoje, possivelmente, o fórum internacional mais importante, onde países com visões opostas ainda conseguem se sentar à mesa e terem conversas produtivas sem, necessariamente, carregar o peso de posições rígidas que têm impedido os avanços em outros fóruns, como no Conselho de Segurança das Nações Unidas", avaliou

“Na nossa visão, o G20 pode e deve desempenhar um papel fundamental para a redução das tensões internacionais”, completou. Com isso, o ministro disse que o Brasil está “profundamente preocupado com a situação internacional atual no tocante à paz e segurança” e destacou a necessidade de o G20 debater a escalada dos conflitos no mundo. “Segundo algumas estimativas, atingimos um número recorde de conflitos em andamento no mundo, mais de 170. Enquanto as tensões geopolíticas também estão aumentando. O Brasil ocupa um lugar no mundo que nos permite discutir essas tensões internacionais em qualquer fórum internacional”, ressaltou.

A reunião desta quarta-feira (21) com os chanceleres é uma preparação para a cúpula do G20, o encontro dos chefes de Estado das maiores economias do planeta, que ocorrerá em novembro, também no Rio de Janeiro. O Brasil assumiu em dezembro a presidência rotativa do bloco e, até o encontro principal entre as nações, conduzirá dezenas de reuniões na cidade carioca, com o objetivo de organizar a cúpula e antecipar temas que serão discutidos em novembro.

O encontro desta manhã foi realizado na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, e contou com a presença do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken; do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov; além dos representantes de China e países europeus. A reunião continua até quinta-feira (22/2), com debates sobre governança global.

 

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