ANOS DE CHUMBO

Clubes militares fazem ato para exaltar o "movimento democrático de 1964"

Ao contrário do presidente Lula, que proibiu manifestações críticas ao golpe no seu governo, esses integrantes das Forças Armadas vão lembrar a data, com a leitura própria que fazem de deposição de Jango

Sede do Clube Militar, no Rio, onde será ocorrerá ato a favor do golpe de 1964 -  (crédito: Divulgação)
Sede do Clube Militar, no Rio, onde será ocorrerá ato a favor do golpe de 1964 - (crédito: Divulgação)
postado em 12/03/2024 19:37

Os presidentes dos clubes militares - Exército, Aeronáutica e Marinha - estão convidando seus associados para a realização de um ato para lembrar os "60 anos do movimento democrático de 31 de março de 1964". Os militares vão exaltar o golpe que derrubou o presidente João Goulart e implantou uma ditadura no país de 21 anos.

O evento se dará num almoço por adesão que ocorrerá em 27 de março na Sede Esportiva Lagoa do Clube Militar, no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. No convite, a que o Correio teve acesso, é destacada a frase "a história que não se apaga e nem se reescreve", de autoria atribuída ao general Gleuber Vieira, que foi o comandante do Exército no segundo governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

No ato, haverá uma "alocução alusiva" ao golpe, um discurso que será feito pelo general Maynard Santa Rosa, que com frequência se manifesta sobre a data nos meios militares. Ele já afirmou que "o legado de desprendimento, coragem e patriotismo de 31 de março de 1964 permanece vivo e inapagável, para exemplo da honra de uma geração às gerações futuras".

No início do governo de Jair Bolsonaro, Santa Rosa ocupou a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos (SAE),mas deixou o cargo no final 2019 e saiu se queixando de falta de apoio do governo à sua gestão.
Como revelou o Correio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou o cancelamento de atos, solenidades e discursos de seus ministros e de outros integrantes do governo de críticas ao golpe militar.

Para evitar atritos com as Forças Armadas, Lula não quer "provocações" e sua decisão está sendo tratada dentro do governo como uma "ordem expressa".

A decisão de Lula foi reprovada por familiares e vítimas do regime, historiadores, estudiosos do período e também de militantes e entidades de direitos humanos. Apesar da orientação do petista, esses segmentos decidiram manter as manifestações contrárias ao golpe.

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