Brasil e frança

Acordo UE-Mercosul é defasado, diz Macron

Presidente da França deixa explícita sua oposição ao acerto entre os blocos, como pretendia Lula. Mas admite refazê-lo em novas bases, considerando a biodiversidade e o clima

O presidente da França, Emmanuel Macron, praticamente sepultou, ontem, as esperanças de o governo brasileiro firmar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Européia. Em evento na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ele classificou o acerto entre os dois blocos econômicos como "defasado" e que não pode ser defendido.

"É um péssimo acordo porque foi negociado há 20 anos", disse, durante o Fórum Econômico Brasil-França. Macron, porém, afirmou que é possível reconstruí-lo à luz de preocupações com a biodiversidade e o clima — o texto atual atual não contempla essas demandas. Tais argumentos, porém, soam como desculpas do presidente francês, que é pressionado pelos produtores rurais do país a não celebrar o acordo por temor da eficiência e do volume do agronegócio brasileiro.

No mesmo evento, um pouco antes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu o acerto tal como está ajustado atualmente. A expectativa do governo era de que UE e Mercosul tivessem chegado a um termo comum em dezembro passado. A França é considerada o único entrave para a celebração da zona de comércio entre os dois blocos.

Submarino

Horas antes, no batismo do submarino "Tonelero", no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva frisou que a defesa do território brasileiro é uma das preocupações do governo. Diante de Macron, afirmou que a paz e a preocupação com a integridade do país não são objetivos incompatíveis.

Ele destacou que conhecimento e tecnologia militares são pilares para se evitar conflitos. Segundo Lula, o Brasil pretende expandir a colaboração nuclear com a França. Isso porque, no âmbito do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), não está prevista a transferência da tecnologia atômica aos brasileiros.

O "Tonelero" é o terceiro submarino produzido dentro do acordo do Prosub e trata-se de uma embarcação de propulsão convencional — o "Riachuelo" e o "Humaitá" já estão em operação, e o "Angostura" tem entrega prevista para o ano que vem. O quinto, "Álvaro Alberto" — cuja previsão de lançamento é para 2028 —, terá somente partes do sistema nuclear fornecido pelos franceses.

Esplanada fechada

Devido à presença do presidente da França, Emmanuel Macron, em Brasília, hoje, a Esplanada dos Ministérios ficará parcialmente fechada. Os bloqueios no trânsito devem começar a ocorrer a partir das 8h, nas vias S1, na altura do Congresso, e N1, em todos os acessos. As alternativas são as vias anexas às pistas N2 e S2, nas laterais dos ministérios. Os trechos só serão liberados após a recepção a Macron no Palácio do Planalto. (Colaborou Fabio Grecchi)

 

 

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