O Ministério da Saúde anunciou, em uma coletiva nesta quinta-feira (11/4), os resultados da reunião de encerramento do Grupo de Trabalho (GT) Saúde do G20. Entre os temas discutidos ao longo da semana, a promoção do desenvolvimento e avanço das ações de saúde digital se destacaram, especialmente no campo da telessaúde.
O assessor chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do Ministério da Saúde, Alexandre Ghisleni, sublinhou utilizar a saúde digital como instrumento de política pública para garantir o acesso a populações remotas, mesmo em países de menor porte. A discussão vai além da telemedicina, abrangendo a possibilidade de ampliar os serviços de saúde oferecidos remotamente, como exames e acompanhamento médico. O projeto de telemedicina TeleAMEs, por exemplo, já registrou cerca de 200 mil atendimentos desde o seu lançamento, em 2020, ampliando o acesso a consultas médicas especializadas nas regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil.
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“A questão da telessaúde vai além da telemedicina. A telemedicina significa colocar o médico em contato com o paciente por meio da internet. A gente estava pensando em expandir para outros serviços de saúde. Existe todo um debate sobre exames que você poderia fazer por meio desse sistema, ou seja, são novas opções de atuação. Vai ser muito útil para quem está trabalhando na fronteira. Quando ampliarmos essa discussão na área da saúde, mostrando que precisa ser apoiada, vamos abrir muitas portas”, disse Ghisleni.
Atualmente, o TeleAMEs está presente em todos os nove estados das regiões Norte e Centro-Oeste, incluindo o Distrito Federal. Mais de mil médicos estão envolvidos na iniciativa, atendendo pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). O projeto visa conectar pacientes em áreas remotas a especialistas médicos por meio da tecnologia, eliminando a necessidade de deslocamento dos pacientes para outras cidades, o que reduz os desgastes físicos associados a viagens prolongadas e economiza tempo e recursos públicos.
Para a gerente de operações da telemedicina na organização, Renata Albaladejo Morbeck, os mais de 150 mil atendimentos realizados pelo TeleAMEs demonstram os benefícios da telemedicina para todo o sistema de saúde.
Outra proposta discutida foi a troca de parte da dívida externa dos países do G20 por investimentos em saúde. Essa medida visa fortalecer os sistemas de saúde de nações em crise de dívida, evitando que tenham que se endividar ainda mais para lidar com emergências de saúde pública, como pandemias.
“A gente encorajaria os países do G20 a se engajarem em negociações bilaterais com os países devedores, que estejam em crise de dívidas externas, para abrir mão do recebimento de uma parcela da dívida externa deles em troca do compromisso dos países devedores de utilizar essa parcela para investir no sistema nacional de saúde deles”, contou.
A criação de uma aliança global para produção de vacinas também foi tema de discussão, com Ghisleni ressaltando o foco na pesquisa e produção de remédios e vacinas para doenças negligenciadas. “Uma das questões que estão discutindo é quais são as doenças prioritárias. As doenças que são prioritárias para uma região ou país não são, necessariamente, para todas.Para nós, no Brasil, parece ser muito óbvio que uma aliança dessa deveria falar sobre arboviroses (como dengue, chikungunya e zika). Quem tem 20 prioridades não tem nenhuma. Estamos discutindo como essa aliança pode funcionar.”
O Grupo de Trabalho retomará as discussões ainda este ano, com um novo encontro agendado para junho na cidade de Salvador. No entanto, a decisão sobre quais propostas avançarão será tomada apenas em outubro, durante a reunião ministerial do G20 no estado do Ceará.
*Estagiária sob a supervisão de Mariana Niederauer
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