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Bicheiro Rogério Andrade retorna à vida normal; entenda

Nunes Marques suspende medidas cautelares impostas ao contraventor, que é um dos reis do jogo ilegal no Rio de Janeiro e descende de uma longa dinastia de personagens envolvidos com o crime

Nunes Marques dera, anteriormente, decisões favoráveis a Rogério, uma delas relativa ao filho do contraventor -  (crédito: Nelson Jr./SCO/STF)
Nunes Marques dera, anteriormente, decisões favoráveis a Rogério, uma delas relativa ao filho do contraventor - (crédito: Nelson Jr./SCO/STF)

O ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a necessidade de o contraventor Rogério Andrade se submeter a medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica e o recolhimento noturno. Patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, o banqueiro de bicho foi alvo da Operação Calígula, desfechada em conjunto pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), em 2022. Ele é acusado de chefiar uma organização criminosa, que explora o jogo do bicho e os pontos de caça-níqueis em diversos bairros da capital fluminense, sobretudo, na Zona Oeste e em Jacarepaguá — territórios conhecidos por serem controlados pelas milícias.

A decisão de Nunes Marques foi proferida na terça-feira, porém somente ontem veio a público. Nos bastidores do STF, houve manifestações de mal-estar, sobretudo porque este é o terceiro despacho do ministro favorável a Rogério nos últimos dois anos. Em agosto de 2022, o magistrado suspendeu um mandado de prisão contra o banqueiro de bicho e, em junho de 2023, tomou uma decisão semelhante em relação ao filho do contraventor, Gustavo.

Dinastia

Rogério descende de uma longa dinastia de banqueiros de bicho cariocas. É sobrinho de Castor de Andrade, morto em 1997 e antigo patrono da Mocidade Independente, e sobrinho neto de Euzébio de Andrade, que controlava os pontos de jogo em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro — além de ter sido mecenas do Bangu Atlético Clube, assumindo o posto que fora do empresário Guilherme da Silveira, dono da então poderosa Fábrica Bangu de Tecidos.

O filho de Castor, Paulinho Andrade, era apontado como sucessor natural no comando da dinastia, mas foi assassinado aproximadamente um ano depois da morte do pai. Rogério respondeu como mandante, porém nada foi encontrado que o ligasse ao crime. Hoje, trava uma disputa sangrenta contra o também banqueiro Bernardo Bello, que está foragido da Justiça — os dois brigam por pontos de bicho, de caça-níqueis e de agiotagem, além de instalações de cassinos ilegais.

Rogério ficou preso alguns meses, em 2022, mas foi solto no fim daquele ano por força de um habeas corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Desde então, era monitorado por tornozeleira eletrônica e obrigado a retornar à casa em que mora antes das 18h.

O banqueiro de bicho acionou o STF depois de o STJ negar uma decisão semelhante à deferida por Nunes Marques, em novembro de 2023. Rogério vinha tentando, desde o carnaval deste ano, a liberação pela Justiça para assistir ao desfile das escolas de samba na Marquês de Sapucaí. Isso porque sua mulher, a influenciadora Fabíola Andrade, foi rainha da bateria da Mocidade Independente.

A defesa de Rogério alegava que as cautelares duravam muito tempo e que não mais havia a necessidade de mantê-las, uma vez que o bicheiro cumpria todas as determinações judiciais. Mesmo assim, ele teria se encontrado com policiais militares, há poucas semanas, para contratá-los para o grupo que faz sua segurança. (Com Agência Estado)

 

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postado em 19/04/2024 03:55