
Apesar de contar com o apoio de 29 senadores e 182 deputados, a apresentação da proposta de Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) para investigar a fraude do INSS foi suspensa por tempo indeterminado. O cancelamento ocorreu pouco antes de ocorrer a coletiva na qual seria divulgado o requerimento, de autoria da deputada Coronel Fernanda (PL-MT) e da senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
Nos bastidores, as informações davam conta de que o cancelamento na apresentação da CPMI ocorreu por conta de uma articulação do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP). Segundo seus interlocutores, ele quer "abrir o tema para diálogo" com representantes da oposição. Além disso, há a avaliação de que não há ambiente político no Congresso para a instalação de uma comissão de inquérito neste momento.
A avaliação entre aliados do governo é de que a criação de uma CPI ou de uma CPMI para apurar os descontos ilegais de benefícios de aposentados e pensionistas aumentaria a tensão institucional. Isso poderia comprometer o andamento da agenda legislativa do Senado deste ano.
Essa cautela também vem sendo adotada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele tem evitado avançar com a proposta de CPI sob o argumento de que há uma fila de 11 requerimentos de CPIs pendentes de análise — o que impede decisões imediatas sobre novas comissões. Ele deve seguir conversando com a oposição, mas, como no Senado, o ambiente não favorece a abertura de investigações, pois poderia paralisar votações importantes.
Porém, para o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), o cancelamento da apresentação da CPMI foi de forma estratégica e regimental. "O regimento do Congresso autoriza os deputados e senadores a retirarem assinaturas até a sessão do Congresso. Ficaria um lapso muito longo com a possibilidade de retirada de assinaturas", explicou.
E em mais uma manobra para emparedar o governo, o deputado Evair de Melo (PP-ES) apresentou num pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por conta do escândalo do INSS.